26 de abril de 2011

Experiências.


Os poetas, os escritores de coisas que gostavam de ser lidas, as pessoas comuns que escrevem coisas que ninguém gosta de ler porque não foi deixado que alguém lesse, os romancistas, os inventores de coisas de que gostamos mas que não têm qualquer uso, os pintores, as pessoas que desenham coisas importantes e as pessoas que desenham coisas a que ninguém dá valor, os meus vizinhos, os desconhecidos com quem choco na rua, as prostitutas e todas as pessoas com profissões mais ou menos dignas, as pessoas de quem gostamos e que gostam ou não de nós, as pessoas de quem precisamos mas de quem não gostamos assim tanto, as pessoas com as quais nunca nos cruzaremos, as pessoas dentro deste e de qualquer ponto do Universo...
Todas procuram o mesmo: um sentido para ser. Estar, coexistir, respirar.
Mesmo a pessoa que fica em casa 365 dias por ano e não vê a luz do dia nem a escuridão da lua.
As que encontraram o sentido, sabem que podem morrer a qualquer instante com certeza que o seu papel foi cumprido.
Eu procuro um sentido para tudo o que vejo, é reflexo mental instintivo, de sobrevivência. Mas odeio que tudo tenha de fazer sentido, que não exista a loucura das coisas, que não exista o risco. Não suporto o conformismo e a perfeição.
Existir tudo e termos tudo faz-nos parar.
Eu não quero parar, quero o risco, quero sufocar um pouco de vez em quando, quero entrar num bosque e não saber como sair de lá e isso afligir-me imenso mas depois encontrar a saída e sentir um alívio tão grande que no fim do dia nada vai ser mais importante que isso.
Odeio a Solidão, estou há demasiado tempo a conversar comigo mesmo que já nem sequer tenho paciência para mim mesmo e por isso, busco um sentido para estar acompanhado.
Quero sempre gritar até desfalecer, mas ter a certeza que gritei o mais que pude, mesmo que isso me faça ficar sem voz durante muito tempo.
Quero ter tempo. Mas odeio ter tempo para tudo, quero não ter tempo para os dias que a vizinha precisa muito de mim e isso acontecer uma vez por ano.
Quero ter tempo para procurar um sentido, não preciso de ter tempo para mais nada.
E depois, quero encontrar um sentido e sentir-me vazio de novo e procurar sempre, até ao infinito.
Quero fazer tudo o que preciso de fazer e não tudo o que quero fazer, porque o que eu preciso vai fazer algo por mim e o que eu quero, muitas vezes está contra mim. E eu não quero ter assim muitas coisas contra mim, nem quero ter sempre as mesmas coisas contra mim. Uma vez basta e não precisa de repetir nem estar sempre a colocar as mesmas coisas no meu caminho. Eu vou cair de uma forma que me levante e caia no entrave seguinte, com a diferença que já vou saber como cair. E isso não me vai magoar em sítios diferentes. Magoa sempre no mesmo lugar e depois pisa, as vezes até desfaz e depois perde a piada, porque vais querer colocar mais coisas no meu caminho e eu não vou poder cair porque não vou existir mais.

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