Quando o teu corpo já não existir ao meu lado, que sentido terá o sangue que corre nas minhas veias?
Julgo que mil lâminas, será tudo o que pisarei quando o teu corpo existir longe de mim e os teus cabelos existirem noutras mãos que não as minhas que te afagam e que pousam sobra as tuas antes de adormecer.
O que será das minhas mãos? Podem cortar-me as mãos e prender os movimentos do meu corpo, porque não sei o que será das minhas pernas se eu não puder correr na tua direcção...
E quando as armas dessa dor me prenderem os movimentos e me arrancarem as mãos e as pernas, para que hei-de eu querer o meu rosto? Para que servirá o meu rosto se tu não o poderás beijar, como beijas todo o meu corpo?
Que sentido fará a minha respiração, se não poderei sentir a sua falta quando me beijas e me sufocas?
Serei comida para os bichos subterrâneos e não me deixarão morrer sem que me devorem e também não me deixarão viver uma outra vida, porque não existe outra vida, porque ainda que pense com toda a força, não sei o que existiu antes de ti e não queria sequer que me dessem outra vida, que não há, para existir alguém depois de ti.
O que haverá depois de ti, quando morrer sem ti?
Quantos anos poderei esperar por ti junto das estrelas? Milhões de anos? Achas que milhões de anos é o suficiente para que me possas devolver as minhas mãos, as minhas pernas, a minha respiração e um bocadinho pequenino de carinho?
Então, eu espero milhões de anos e durante todos esses anos vou sentir falta do meu corpo, onde corre o sangue que escreve o teu nome quando encontra as paredes...e vou fazê-lo sem abrir os olhos, porque se os abrir sei que todas estas perguntas são o Passado e eu já estou morto, algures no Inferno.
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