20 de janeiro de 2011

Luz.

Entre letras intemporais, as mais belas mentiras foram escritas sob a forma de sombra...
As palavras de dor e demência foram transcritas por alguém que acreditava ser capaz de recriar esses mundos de sombra e trazer silencia até ao mundo real...
As palavras gravadas a sangue ainda sentem o odor a morte e nelas é visível cada traço de horror e cada palavra chorada ali escrita...
Página a página se encontra uma nova realidade onde as suas personagens macabras encantavam e encenavam novelas de horror gótico cuja existência se remetia a não deixar que ele se afundasse na solidão...
As letras comovem,
remetem a um imaginário negro onde bonecas sem vida dançavam inanimadas para ele,
elas ganhavam vida nas suas palavras como marionetas comandadas por fios de sombra...
Um piano acompanhava as suas melancólicas lendas e tocava doentiamente para que ele não ouvisse os gritos onde a palavra monstro o magoava a cada grito familiar que ouvia...
Os velhos diários descreviam centenas de dias onde a escuridão o dominava e onde o receio da luz o tornava cobarde face ao mundo humano...
Os poemas mortuários mostram seu mundo como uma criança eterna que brinca num dia de halloween,
o mesmo dia que se repete ao longo da vida...
Ele tentava encontrar quem viesse da sombra por ele,
procurava sentimentos que o possuíssem...
Nas suas palavras a dor da existência era visível,
o espelho, o seu maior inimigo, olhava-o doentiamente e no seu olhar residia a mentira de quem mente para existir...
As suas novelas de horror e melancolia eram descritas como patéticos lamentos onde suas palavras divagavam e se perdiam num horizonte negro onde pontos de luz artificiais o comoviam...
Era diferente onde tudo era igual,
era o não humano cuja perfeição não era visível mas que podia ser sentida a cada palavra sombria que escrevia...
Nesses diários existiam referencias a pessoas que nunca devem ter existido,
neles eram referidos datas cujos dias nunca foram vividos...
Entre os diários desenhos e velhas fotos mostravam doentiamente a loucura e o desespero pela morte e pelo fim...
Ainda hoje se desconhece esses mundos onde Silencia se encontra,
apenas são visíveis os traços de insanidade de cada palavra que ali se encontrava escrita...
O menino monstro ali divagava solitariamente entre amigos imaginários e memorias fingidas,
a sua alma ali transcrita repousa agora num ultimo verso inacabado:

"Não sei porque hoje paro de escrever...
Talvez as palavras já não me comovam mas a dor ainda reside em mim,
fragmentos de imaginário matam-me lentamente e o olhar está prestes a cegar...
Não espero que leias,
nunca o leste mas hoje a página termina com um até sempre...
Não quero mais ver demónios à minha volta, mas sim, anjos, anjos que me abracem e não, que me façam cair.”

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