11 de janeiro de 2011

Fobia.

A escuridão amanhece... 
Os raios de luz negativa trespassam os vidros quebrados, 
a sombra disfarça as paredes e a dor me desperta... 
Meus olhos pintados de negro lentamente tentam romper entre a luz, 
os gemidos ainda se ouvem num eco murmurante de agonia e desespero... 
Os lençóis ensanguentados mancham o branco puro de luz, 
meu corpo nu e frio esmorece lentamente... 
A humidade do ar torna-se irrespirável, 
a cada segundo a respiração torna-se vital, 
estou morrendo entre 4 paredes... 
Meu estado febril destorce a realidade, 
risos e gritos parecem surgir das paredes vazias, 
as vozes são diabólicas e sussurram palavras que não consigo decifrar, 
a loucura parece me possuir até que escurece o amanhecer... 
A porta abre-se entre a sombra mostrando a luz... 
Tento me levantar mas as forças me abandonam e caio inanimado num espécie de coma imaginário... 
Sinto frio... 
Muito frio... 
As vozes me despertam, 
gritam, 
sussurram... 
Tento desesperadamente ouvir a tua voz entre elas, 
elas tornam-se tão silenciosas e o ruído das maquinas mecânicas ouvem-se algures desta janela... 
Aproximo-me e vejo o mundo que me torna doente mas... 
As luzes artificias não me magoam... 
Desorientado deambulo entre as ruas vazias de expressão, 
sombras artificiais ganham rostos humanos cuja expressão é a de alguém que sorri doentiamente, 
entre essa multidão de almas perdidas eu procuro desesperadamente o teu rosto e desespero por a tua voz... 
As luzes apagam-se e encontro-me de novo entre estas quatro paredes, 
a porta está selada, 
talvez nunca tenha abandonado esta cela e a demência me tenha levado até essa linha sem fim... 
Estou perdendo o controlo e o som da minha voz parece surgir como um grito silencioso que desespera por ajuda... 
A lua parece ouvir o meu chamamento e surge no céu mais bela que nunca, 
as estrelas no céu ardem como um fogo interior que me desperta os sentidos e me faz olhar um espelho que se fragmenta a cada mentira que vivo, 
até que se parte em fragmentos luminosos de sonhos de quem antes costuma sonhar... 
Desisto da vida e deito-me levemente esperando adormecer e não mais acordar, 
as marcas dos estilhaços marcam-me a pele e a dor é a única companhia que me resta neste acordar para morte... 
É nesta linha sem fim que o tempo e o espaço se cruzam e me despedaçam ao fazer-me assistir à paragem do meu coração... 
Ele bate desesperadamente como se tivesse vontade própria, 
uma vontade que não me move mas que me comove... 
O frio congela-me e as minhas mãos abraçam-me e envolvem-me, 
parece que sempre fui eu contra o mundo e agora é meu mundo interior que me corrói... 
Oiço uma voz sussurrar no meu ouvido, 
essa voz adormece-me e promete-me:
Não vais acordar... 
Essa voz embala-me como uma mãe embala o seu filho, 
essa é a voz que me leva a vida de forma tão bela... 
A voz parece tão distante que apenas a consigo imaginar... 
Essa voz murmura fobia...


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