28 de janeiro de 2011

Estalagem.

Depois de percorrer um enorme e espinhoso caminho encontro uma pequena estalagem.
Por fora, tinha um aspecto demasiado descuidado, sem qualquer vestígio de tinta, com uma grande e pesada porta de madeira na entrada principal e com um letreiro onde se podia ler "Renascimento" escrito a tinta verde-azulada. 
Entrei na estalagem, onde encontrei algo que não esperava, de todo, encontrar naquele sitio.
As paredes estavam forradas a papel de veludo vermelho, com uns cadeirões no centro da sala e umas mesas feitas de uma pedra branca. O aspecto daquele sitio, dava-me uma estranha fusão de sentimentos.
Senti-me protegido, talvez aquele sentimento de "se estar em casa". Nos cadeirões, estavam sentados homens, com trajes estranhos, típicos de uma época medieval, bastante longínqua.  
Os trajes das senhoras, eram uns vestidos franzidos bastante longos, com o cabelo armado, formando uma mística sensualidade nunca antes vista pelos meus olhos. 
Perguntei-me se estaria a sonhar, num daqueles meus sonhos iludidos pelo universo ultra-romântico.
Aproximei-me do balcão, e pedi um gin tónico. 
Todos naquele sala emanavam uma estranha beleza e sensualidade. Tudo ali estava demasiado perfeito.
Entretanto, depois de ter acabado a bebida, subi para o meu quarto.
Era o quarto número 13, que se encontrava no final de um pequeno corredor. 
Entrei, e examinei o pequeno quarto. 
Apenas tinha uma cama, uma mesa de cabeceira e uma grande janela, utilizando exactamente a mesma decoração do piso de baixo.
Da janela via-se apenas uma bela lua cheia e uma centenária árvore com corvos e corujas.
De repente, sinto uma respiração no meu ombro.
Dando meio volta, dou de caras com uma elegante senhora, usando um longo vestido preto, com a pele branca como neve, o cabelo escuro como breu. Aqueles olhos azuis olhavam-me fixamente. Não consegui dizer nenhuma palavra naquele momento. Os seus lábios tocam-me suavemente, abraçando-me com aquele calor estranhamente provocado em mim. Sentia-me hipnotizado.
Deixando-me levar pelo erotismo e sensualidade presentes nela, ia-me perdendo cada vez mais...
Sinto uma estranha dentada no meu peito nu.
No espaço de momentos tudo se tinha alterado...
Toda aquela quase perfeição tinha desaparecido, agora o que se encontrava à minha frente era um monstro.
Dores agonizantes percorriam o meu corpo...
Estranhamente todas as minhas histórias góticas, foram tornadas realidade.
A minha existência tinha caído num eterno ultra-romantismo. 
Perguntei-lhe telepaticamente o seu nome.
Obtive, com uma voz maternal: "Vampiria" 
Fui seduzido por um monstro, para casar eternamente com as trevas.

Sem comentários: