30 de janeiro de 2011

Mentiras.

Recusa sentimentos; mente-me uma vez mais...
Diz-me que não estou só...
Mente-me, diz-me que não estou sozinho e convence-me dizendo que parte de ti está comigo...
Um piano toca melodicamente enquanto recitas as tuas belas mentiras...
Mentiras que criam um chão e deixam-me caminhar até ti...
Todos esses pedaços de sonhos que inventas para mim estão-se a desintegrar...
Diz-me que não é real e mente para mim,
diz-me que a solidão não me fará sangrar mais e que se morrer morrerás comigo...
Diz-me isso mesmo não o sentindo...
O amanhecer e o escurecer fundem-se numa dor que me adormece e acorda-me...
Caminho na escuridão onde sombras me atormentam e luzes me cegam...
As mentiras que me sustentam a vida dispersam-se no ar e apenas resta a tua voz...
Uma voz que me mente e me seduz...
Quero acreditar que as palavras são reais, mas...
A realidade mostra-se poderosa e castiga-me...
Ela repete para mim todos esses dias cinzentos em que esperava que viesses, mas apenas a mentira chegava até mim...
Sobre a forma de sentimento essas doces palavras me tocavam...
 Amavam-me...
Por isso peço-te: mente para mim...
Mente uma vez mais e engana o meu coração,
diz-lhe que não pare de bater...
Sinto-me á parte do mundo e no meu reflexo apenas lágrimas sangram...
Estou caminhando sozinho acreditando que minha sombra és tu...
Acreditando na mentira que peço que me contes...

Julgamentos.

Todos os dias, para cada lado que me viro, vejo pessoas com a intenção de se auto-destruírem umas às outras.
Todos os dias há quem chore por alguém e quem se ria de alguém.
Esses julgamentos de falta de auto-estima, destroem vidas.
Todos os risos, todos os dedos apontados, todas as criticas, actos racistas e homofóbicos, actos desprezadores, humilhações e insultos tiram mais vida, se é que ainda existe muita, aos afectados.
Neste mundo, fazem os seus próprios padrões de normalidade, pensando eles, que podem julgar os que não são como eles, seja de que maneira for.
Todos os actos discriminatórios deviam ser punidos e não compreendidos.
Todas as diferenças deviam ser aceites e não condenadas.
Todos diferentes, mas todos iguais.

Moon night wallpaper from Gothic wallpapers

29 de janeiro de 2011

Sonhos.

A imaginação.
Sempre foi a minha maior amiga e inimiga consecutivamente.
Agora, eu sei que todas as minhas épicas aventuras situadas em terras longínquas, não passaram de fruto da minha eterna imaginação de menino.
Os monstros e as minhas assombrações durante muito tempo fizeram parte da minha vida, propriamente dita.
Na minha opinião, todos aqueles que se agarram apenas à simples vida carnal, nunca serão realizados, mas, no entanto tal como dizem talvez tenha fantasiado para além do tolerável.
O meu mundo não tem emoção, tem apenas crueldade.
Eu quero viver de sonhos e fantasias e fazer da minha vida uma bela tela pintada de contos monstruosos.
Fazer a minha vida, como as páginas de um livro poético, transbordando de sentimentos por mais melancólicos que sejam.
Eu quero correr atrás dos meus sonhos, para com eles esquecer os pesadelos.



Música.

A música.
Durante intermináveis tempos, a minha única e fiel amiga.
Aquela que me faz rir, chorar e sentir aquilo que ninguém me dá.
Durante as horríveis noites de inverno passadas nos bosques frios até ao crepúsculo matinal, era ela, que me embalava como se embala um bebé indefeso.
A música sempre fui um sinónimo para os meus sentimentos, sejam eles bons, ou menos bons.
Aprendi a ter amor a esta arte tão respeitável e bela.
A música não se ouve, sente-se.

Nascimento e Morte.

A mão da morte toca o meu rosto...
O frio envolve-me e adormece-me levemente...
A morte aparece sobre a forma de uma linda mulher cujas vestes negras seduzem-me...
O seu olhar é frio como o seu toque,
a sua pele cor de neve fascina-me enquanto seu cabelo negro envolve-me...
O seu beijo mortal é desejado por mim...
Belo e mortal, é assim o beijo negro que me retira a vida lentamente...
Sinto o meu coração parar,
o meu olhar fecha-se lentamente e sinto a sua mão a percorrer o meu corpo agora defunto...
Uma luz chega vinda da escuridão...
Uma doce voz acorda-me com palavras belas apesar de desconhecidas...
Sinto-me flutuando entre nuvens,
a leveza da alma agora sem o corpo faz-me levitar na imaginação,
até que umas asas me envolvem...
A vida aparece sobre a forma de um lindo anjo humano cujo corpo despido me seduz...
O seu olhar é puro,
a sua pele macia feita de restos de nuvens aquecem-me e o seu cabelo branco de luz envolve-me...
Belo e imortal o anjo beija-me docemente...
O meu coração bate de novo,
o meu olhar ganha forma de estrela agora cadente pois choro ao nascer...
Nasço de novo para morrer e renascer entre os braços de quem me ama,
a doce morte e a bela vida...

28 de janeiro de 2011

Evolução.

Em tempos pensei estar a sonhar constantemente.
Viver num estado de hipnose constante que, a minha alma ia buscar algo que me faltava neste mundo ao mundo tão falado pelos humanos designado por "além".
Quando, em tempos longínquos, uma criança é confrontada com os monstros que receava estarem de baixo da cama, as coisas invertem-se.
Os Contos de Fadas tornam-se em Histórias de Horror.
Os Parques Infantis em Parques Mortuários.
Foi nessa altura que se formou o "menino-monstro".
Aquele de quem riam, receavam e até não ousavam olhar.
O menino foi obrigado a tornar-se homem instantaneamente.
Como um anjo a quem eram retiradas as asas.
Rodeado de seres mortos e de humanos cruéis, foi assim a minha história de vida.
Foi assim que nasceu o "rapaz-prodígio" que mais tarde foi chamado de "menino-monstro" e que consequentemente foi obrigado a crescer formando-se no "anjo-sangrento".

Estalagem.

Depois de percorrer um enorme e espinhoso caminho encontro uma pequena estalagem.
Por fora, tinha um aspecto demasiado descuidado, sem qualquer vestígio de tinta, com uma grande e pesada porta de madeira na entrada principal e com um letreiro onde se podia ler "Renascimento" escrito a tinta verde-azulada. 
Entrei na estalagem, onde encontrei algo que não esperava, de todo, encontrar naquele sitio.
As paredes estavam forradas a papel de veludo vermelho, com uns cadeirões no centro da sala e umas mesas feitas de uma pedra branca. O aspecto daquele sitio, dava-me uma estranha fusão de sentimentos.
Senti-me protegido, talvez aquele sentimento de "se estar em casa". Nos cadeirões, estavam sentados homens, com trajes estranhos, típicos de uma época medieval, bastante longínqua.  
Os trajes das senhoras, eram uns vestidos franzidos bastante longos, com o cabelo armado, formando uma mística sensualidade nunca antes vista pelos meus olhos. 
Perguntei-me se estaria a sonhar, num daqueles meus sonhos iludidos pelo universo ultra-romântico.
Aproximei-me do balcão, e pedi um gin tónico. 
Todos naquele sala emanavam uma estranha beleza e sensualidade. Tudo ali estava demasiado perfeito.
Entretanto, depois de ter acabado a bebida, subi para o meu quarto.
Era o quarto número 13, que se encontrava no final de um pequeno corredor. 
Entrei, e examinei o pequeno quarto. 
Apenas tinha uma cama, uma mesa de cabeceira e uma grande janela, utilizando exactamente a mesma decoração do piso de baixo.
Da janela via-se apenas uma bela lua cheia e uma centenária árvore com corvos e corujas.
De repente, sinto uma respiração no meu ombro.
Dando meio volta, dou de caras com uma elegante senhora, usando um longo vestido preto, com a pele branca como neve, o cabelo escuro como breu. Aqueles olhos azuis olhavam-me fixamente. Não consegui dizer nenhuma palavra naquele momento. Os seus lábios tocam-me suavemente, abraçando-me com aquele calor estranhamente provocado em mim. Sentia-me hipnotizado.
Deixando-me levar pelo erotismo e sensualidade presentes nela, ia-me perdendo cada vez mais...
Sinto uma estranha dentada no meu peito nu.
No espaço de momentos tudo se tinha alterado...
Toda aquela quase perfeição tinha desaparecido, agora o que se encontrava à minha frente era um monstro.
Dores agonizantes percorriam o meu corpo...
Estranhamente todas as minhas histórias góticas, foram tornadas realidade.
A minha existência tinha caído num eterno ultra-romantismo. 
Perguntei-lhe telepaticamente o seu nome.
Obtive, com uma voz maternal: "Vampiria" 
Fui seduzido por um monstro, para casar eternamente com as trevas.

Amor-Ódio.

Não aguento mais ver o teu olhar transmitir-me amor-ódio constantemente.
Esse teu sentimento, provocado pelo teu consciente carregado de preconceito, não te deixa sequer tocares-me.
Dei oportunidades, superei tudo quando chorei, desculpei e amei.
Agora não tenho forças para mais. 
Este Anjo Sangrento a quem tiraram as asas por seus pecados, chefiou um enorme "chega" no seu coração.
Não quero ouvir mais da tua boca um "amo-te" forçado por saberes que é o que os meus ouvidos pedem a mando do meu coração.
Não quero mais ter os teus lábios nos meus, fazendo uma dança de sentimentos.
Não quero mais ver o teu ódio pingado de amor por amares quem não querias amar.
Essa tua cobardia repugna-me, por saber que forças este amor a ser ódio.
E é com um "chega" que ergo o teu túmulo no meu coração.
Assim chega ao fim uma história de amor que, tal como todas as outras, o fim foi trágico.
"Unidos pelo amor, mas separados pelo ódio"

Infância Roubada.

As memórias remetem para um tempo perdido algures no que fui e no que sou hoje...
A primeira lembrança é a do chorar...
Ver-me sozinho,
pequeno num mundo de gigantes...
Lembro-me de cedo a sombra preencher-me tal como eu preenchia o silêncio gritando constantemente...
Não lembro faces mas um rosto sempre me assombrou...
O rosto de uma linda menina que constantemente sorri para mim e me perturba...
Ela aparece sobre uma face desfocada,
parece correr a minha volta,
oiço o seu riso murmurando...
Vejo-me numa casa antiga como o tempo,
nela bonecas são lembranças de outros anteriores a mim...
Lembro uma velha escada cujo fundo era negro,
a voz murmurante dizia-me para descer mas...
O medo surgia e suspendia-me face ao abismo de gigantes...
Lembro-me de correr até uns braços e sentir aquele calor frio da porcelana...
A porta abria-se várias vezes mas nunca podia sair, pois o mundo lá fora me magoaria...
Ás vezes olhava do topo da janela vendo outros como eu brincando da mesma maneira que hoje faço ao imaginar mundos atrás de mundos...
Entre eles essa menina de face desfocada dizia adeus para mim...
Os dias passavam e a solidão instalava-se, brincando sozinho comigo mesmo...
Como se fosse uma marioneta de mim mesmo...
Sentia que era um boneco animado de vida cujo sorrir não acontecia,
apenas gritavam para mim,
e eu ria constantemente...
As palavras começavam a magoar-me pois a rejeição ao mundo humano tinha-se instalado como um vírus mortal que ainda hoje me impede de ser humano...
Crescia assim o pequeno anjo inanimado tendo como amiga uma menina de face desfocada cujo sorriso ainda hoje me comove...
As aventuras eram mil,
era como saltar de sombra em sombra sempre rindo a cada paço que nos magoavam...
A mágoa desses dias reflecte-se no meu olhar pintado de negro,
as memórias dessa infância silenciosa residem no porquê do anjo ter virado demónio... No meu coração e no meu imaginário essa infância silenciosa repete-se constantemente e a face da menina já não desfocada e é no seu rosto que me inspiro na criação do meu legado de silêncio...
Um belo silêncio carregado de sentimentos e solidão...
Um silêncio doentio onde o riso da menina se funde nos meus gritos dando origem ao meu mundo de bonecas: Silencia...




27 de janeiro de 2011

Homofobia.

As memórias retêm sentimentos que o tempo já mais extinguirá de mim…
(Como posso esquecer os tempos de inevitável desilusão?)
O traje do meu olhar ainda hoje reflecte a minha alma em função do teu coração,
A tortura de cada sentimento mantém-se activa em cada olhar apagado cada vez que te vejo partir…
A dor torna-se insuportável a cada memorável “odeio-te por te amar” que o teu olhar me diz,
Cada palavra que escondes em cada cobardia que empenhas, repugna-me,
Cada palavra falsa que dizes ser sentimento revolta-se em ti e faz-te esconder aquilo que sentes em cada confronto comigo…
Vejo-te correr de ti mesmo e de mim,
Deixando apenas ódio por me amares…
Apenas me queres magoar, encher o meu coração de sentimentos que julgava não possuir,
A tortura de sentir separa o meu coração da razão humana e leva-me a amar quem mais odeio…
A batalha instala-se no meu coração e o meu inimigo é a minha razão de existir ao me tornar escravo de quem amo (e odeio)…
Como posso esquecer a verdade de quem sou em função do que vivi contigo?
Mostras-te e criaste em mim um mundo onde as sombras possuem beleza e onde os corvos são cor de neve apenas para mim,
Eras o abraço que me prendia no precipício e que agora me empurra para um final (in)feliz onde o meu inimigo morre nas minhas mãos tal como meu herói morre contigo…
Estou sem ti e sem mim,
Contigo, o meu antigo eu morreu sobre disfarce de uma noiva cadáver cujo amor eterno foi breve…
Um breve poema de amor negro onde a cobardia e a homofobia te impediam de sorrir para mim…
Hoje apenas o olhar negro resiste em mim,
A pessoa que julgavas conhecer faleceu no momento em que proferiste o tão odiado e desejado “amo-te”…

O tempo chega ao fim de mais uma infeliz história de amor onde te amo por te odiar e te odeio por já te ter amado…





Quando Te Fores Embora.

Ainda te sinto junto a mim, mas no entanto, choro por um dia ter sido obrigado a ver-te partir...
Sinto teu corpo junto ao meu...
Abraço-te com medo de estar a viver de uma ilusão...
Ficaria preso a ti até a morte me tocar, tal como eu toco o teu rosto enquanto adormeces...
Sorrio vendo-te respirar mas sangro constantemente ao imaginar que um dia partirás no mesmo sonho que te trouxe até mim...
Os meus sentimentos são puros como a neve que agora cai ao deixar a solidão congelar as minhas lágrimas como estrelas candentes...
O meu coração renega a solidão dizendo-me que estás a meu lado mas as lágrimas já te vêm partir...
Nunca imaginei ser capaz de sentir o que sinto,
é como morrer constantemente a cada sorriso que não sorris e a cada palavra que não dizes...
Tento recordar o primeiro momento em que te senti parte de mim, mas a sombra encobre o meu imaginário não deixando que ame alguém para alem da escuridão...
Em tempos essa escuridão amava-me e preenchia-me,
não me fazia sorrir mas quando chorava a sombra criava lindas ilusões e então ria de uma felicidade fictícia que apesar de nula era tudo o que tinha...
Dessa mesma escuridão surgiu a tua voz numa noite maldita onde me entreguei a sentimentos que desconhecia e que ainda hoje desconheço pois não sei como os sentir,
não sei como os viver...
Eles magoam-me e fazem-me sorrir,
fazem-me viver pois acredito que eles são a origem da tua existência e, talvez da minha...
A distancia impede-me de te tocar a cada desejo que tenho de o fazer,
minto a mim mesmo dizendo que nunca partirás mas as lágrimas antecipam o tempo e já te vejo longe...
Tão longe de mim mas tão perto da minha imaginação...
No meu imaginário és presença constante de sonhos e fantasias,
és a inspiração de mundos e mesmo em pesadelos a tua imagem aparece como um espelho de mim mesmo...
Nunca acreditei na felicidade pois apenas a sombra me abraça constantemente,
é nessa sombra que eu te imagino ganhando forma,
quando ela me abraça e me abriga do mundo exterior és tu que eu sinto junto a mim...
Oiço tua respiração...
Oiço tua voz...
Oiço o teu coração bater junto ao meu...
E quando a sombra desvanece eu vejo-te partindo levando o que de melhor existe em mim...
Levarás os meus sentimentos e minha razão de existir...
Sei que nunca vieste mas já te vejo partir e isso mata-me lentamente até adormecer...
Caindo num sonho onde te encontras junto a mim enquanto que na realidade te encontras bem longe...
Sempre pensei vencer o tempo,
os meus sentimentos são reais e a minha vontade de vencer é esmagadora face ao eco no horizonte ao gritar o teu nome vezes sem conta...
Gritarei até os meus pulmões sucumbirem e a morte chegar silenciando a minha voz...
Recuso a realidade, pois a crueldade da vida  arranca-me as lágrimas directamente do coração...
O meu reflexo perde-se e o olhar esfria...
Mas a esperança que a tua voz surja das trevas que me consomem é maior,
eu acredito que da sombra viemos e é na sombra de um dia cinzento que eu te espero ver sorrir,
o mesmo sorriso que me acalma e me destrói constantemente...
Desejarei tocar-te e consumir a tua alma, mas sou fraco de mais para deixar a sombra e caminhar até à luz...
Sou um cobarde repleto de medos,
a rejeição não me abomina, mas sentir assusta-me...
A diferença encontra-se no que sou capaz de sentir e a cada lágrima que choro um paço dá-se na distancia que nos separa...
Sinto-te longe e perto,
longe de ti mas perto de mim...
Sei que ainda não vieste mas quando te fores embora levarás pedaços de mim e guardarei sempre o melhor de ti...
Guardarei os momentos e as memórias,
guardarei os sentimentos que despertavas em mim e mais que isso guardarei o que és para mim...
Quando te fores embora por favor eu imploro-te, leva o melhor de mim contigo...
Leva os meus sentimentos negros que te amam...
No dia em que fores embora levarás a minha sombra contigo...
No dia em que te fores embora, o meu tumulo irá erguer-se...

26 de janeiro de 2011

O Nome do Inimigo.

Eu olho para todos os lados, e apenas vejo ganancia, sede de poder.
Eu tenho pena, esta espécie, de nome "humana", tinha tudo para conseguir ser única e marcarem a diferença.
É com grande desilusão no meu olhar que vejo eles se auto-destruírem, matarem-se aos poucos. 
Ao longo do tempo via aqueles estranhos e ingratos seres ficarem sem princípios, sem pensamentos próprios.
Sociedade. Era o nome do inimigo daqueles seres.
E vejo aqueles que sempre tiveram tudo, a lutar desesperadamente para ficarem sem nada.



Ophélia.

Eu imagino uma terra onde o mal, a ganância e o poder reinam.
Onde os humanos excederam o poder das armas de Deus.
Eu vejo estas ruas desertas, sem vida aparente.
A crueldade e a solidão tornaram este lugar tão belo e tão distante...
Eu descrevo, Ophelia, a cidade vazia.
A imagem ainda hoje me assombra, o medo e a solidão preenchia as ruas daquele pacato sitio,
Máquinas humanas desfilavam sobre o horror da guerra...
Eu não sabia porque me sentia assim, visto que há muito não havia fé na minha pobre alma.
Mas tinha pânico deste sítio.
O pior de tudo, é que é neste sítio que vivo.


A Flor do Mal.

Aqui estou uma vez mais...
Deixado para trás mais uma vez, encontro-me perdido algures entre o silêncio...
Tão distante, o meu pensamento envolve-se na solidão e dá origem à dor que me mata lentamente...
A mesma dor que me faz sentir vivo e me faz odiar por ainda a conseguir sentir...
Destroçado e abandonado, deixo cair o meu mundo aos pés da morte...
Apesar do silêncio ela olha-me...
Ela dá-me a mão e leva-me num eterno passeio cujo custo será a minha alma...
Entre jardins de flores do mal ela guia-me,
estátuas de anjos decoram este jardim mortuário onde as campas das memórias estão sepultadas...
Ela pede-me que veja o seu memorial e em cada uma delas está sepultada a minha existência...
Em cada momento que vivia a esperança perdia-se e o menino-anjo aqui sepultado não voltará mais e hoje apenas o demónio espera pelo teu silêncio...
A morte ganha a forma de uma linda menina cuja face é maldita,
a mesma menina que me faz chorar sempre que recordo o passado aqui sepultado...
Mas hoje é o presente e ela dá-me a mão e leva-me entre os túmulos e quando dou por mim sou criança de novo...
Vejo a menina chorar no meu olhar,
sei que o momento não é real mas um dia já o foi...
Hoje brincaremos neste jardim de túmulos onde o silêncio pouco importa pois não existem palavras para descrever o fim...
Eu esperarei por ti no mesmo silêncio em que me deixas-te...
Já não estarei vivo, mas nas minhas mãos encontrarás uma flor do mal que trouxe do meu imaginário para ti...


25 de janeiro de 2011

A Estrada.

Havia uma luz, ela brilhava num tom crepuscular.
Eu olhava em redor, apenas via umas grandes árvores em tons negros, talvez com dezenas de criaturas monstruosas nelas escondidas.
Nas minhas fábulas góticas, vinha um cavalo, um épico e fenomenal cavalo esqueleto, que me iria comandar até aos confins deste e de todos os outros mundos possivelmente existentes.
Aqui não, apenas havia eu e aquelas monstruosas árvores.
Cheguei, finalmente, depois de tantas épocas, à estrada.
Durante todo o meu caminho sempre me tinham dito que esta estrada levar-me-ia para além do meu imaginário, que eu aí iria poder ser o que desejasse.
Tinha chegado finalmente.
Era uma pequena estrada de pedra, com uns marcos de madeira avermelhada nas bermas.
Por baixo do fino luar, eu via uma luz.
Uma luz bem distante, mas que comparado com todos os longos séculos da minha existência aguardando tal momento, estava muito perto. Muito perto mesmo.
Olhava para o meu corpo semi-nu, repleto de feridas profundas, feridas que sentia que jamais iriam sarar.
Avançava até ao desconhecido, sem saber o que esperar, como agir, como o alcançar.
Mergulhei no desconhecido. 

23 de janeiro de 2011

Amor.

Durante muito tempo, rejeitei este sentimento, pensei e tentei convencer-me a mim mesmo que era uma mentira, que não existia.
O simples facto de nos meus sonhos, no meio daqueles pensamentos suicidas, haver amor irritava-me, o facto de pensar que é uma mentira, que não passa de uma farsa, irritava-me.
Todas as vezes que estava perto de o sentir, repreendia-me, julgava que era errado, que estava a ficar louco.
Agora, eu sei. 
Que se algo está errado é reprimir tal sentimento.
Eu agora acredito no amor, sinto-o.

Alívio.

 Estava indeciso.
Tinha de percorrer qualquer um daqueles caminhos.
Cada um deles estavam repletos de espinhos, que me perfuravam a pele.
Num acto de desespero, corria, sentido feridas abrirem-se na pele.
Sentia dificuldade em caminhar, tal era o tamanho daquelas plantas de dor.
Faltava pouco, não poderia desistir agora.
Avancei, tentei nunca desistir, além de durante alguns momentos tenha pensado em repousar ali e, apenas esperar que a morte se encarregasse do resto.
A coragem traria-me talvez mais tempo de vida e o medo tiraria-me talvez o que ainda restava.
Avancei.
Quando cheguei aquela pequena e depressiva estrada de pedra, deixei-me cair. 
Uma pequena lágrima escorreu pelo meu rosto e ouvia o meu coração vacilar como barulhos frenéticos de tambores. As minhas pernas tornavam-se aos poucos ensanguentadas.
Ali, deitado, dei valor à vida.
Sentia-me aliviado.



21 de janeiro de 2011

Infância.

Tenho saudades de brincar, correr e gritar.
De pensar que o mundo é lindo, de amar tudo e não odiar nada.
De ter sempre aquele sorriso na cara, um eterno sorriso de inocência.
Tenho pena que também isso se tenha perdido.
Fui obrigado a crescer, tiraram-me do mundo encantado, para me porem no inferno.
Na minha opinião isso é injusto, mas, também já tenho ouvido dizer que com os humanos é assim.
Tiram-nos os sonhos, para nos darem pesadelos.
Será que também eu tive uma pequena infância que foi perdida por entre todas as minhas páginas de diário?
Será que se vasculhar bem por entre todas as minhas mais distantes memórias, também irei encontrar a minha parte sonhadora?

20 de janeiro de 2011

Futuro.

Por entre todos aqueles momentos, eu fazia com que o meu mundo fosse ainda mais horrível
 e macabro do que o mundo real.
Eu chorava, muitas das vezes andando em circulo, com puro pânico, que alguma daquelas
criaturas que eu dizia ver, e que diziam que não via, estivessem lá, que também elas,
me fizessem mal.
Vivi muito da minha vida assim, com medo, com pânico.
Agora decidi dizer um "chega".
Vou erguer a cabeça, encher as veias de valentia e não cobardia.
Agora tenho uma nova oportunidade, e não irei, de forma alguma desperdiça-la.
O Blood Angel, entrou numa nova fase da sua vida, espero eu, para melhor.
De repente, como se uma porta metafórica se abrisse, eu tinha novamente perspectivas para 
o futuro.
Talvez um dia consiga olhar à minha volta e não ver apenas sombras, ver também nem que seja uma mísera parte do mundo real, que aos poucos me vou tentando integrar.

Recomeço.

Caminhei novamente em busca de luz.
As trevas cegavam-me, prendiam-me.
Senti nos meus pés descalços abrirem-se pequenas feridas provocadas pelas minúsculas pedras e ervas presentes naquela melancólica planície.
Eu pela primeira vez em muito tempo, olhava para a frente, erguia a cabeça.
Não senti pânico, sentia-me com uma estranha força produzida pelo bater do meu coração, aquele coração que durante tantos e longos momentos, desejou quebrar-se por completo.
Começavam a ser visíveis os primeiros raios de sol na linha do horizonte.
Aquela fresca brisa, aquecia-me.
A luz natural já não me feria os olhos e não me fazia sentir tal frustração.
Será que agora é o recomeço?
A nova oportunidade?
Talvez...



Luz.

Entre letras intemporais, as mais belas mentiras foram escritas sob a forma de sombra...
As palavras de dor e demência foram transcritas por alguém que acreditava ser capaz de recriar esses mundos de sombra e trazer silencia até ao mundo real...
As palavras gravadas a sangue ainda sentem o odor a morte e nelas é visível cada traço de horror e cada palavra chorada ali escrita...
Página a página se encontra uma nova realidade onde as suas personagens macabras encantavam e encenavam novelas de horror gótico cuja existência se remetia a não deixar que ele se afundasse na solidão...
As letras comovem,
remetem a um imaginário negro onde bonecas sem vida dançavam inanimadas para ele,
elas ganhavam vida nas suas palavras como marionetas comandadas por fios de sombra...
Um piano acompanhava as suas melancólicas lendas e tocava doentiamente para que ele não ouvisse os gritos onde a palavra monstro o magoava a cada grito familiar que ouvia...
Os velhos diários descreviam centenas de dias onde a escuridão o dominava e onde o receio da luz o tornava cobarde face ao mundo humano...
Os poemas mortuários mostram seu mundo como uma criança eterna que brinca num dia de halloween,
o mesmo dia que se repete ao longo da vida...
Ele tentava encontrar quem viesse da sombra por ele,
procurava sentimentos que o possuíssem...
Nas suas palavras a dor da existência era visível,
o espelho, o seu maior inimigo, olhava-o doentiamente e no seu olhar residia a mentira de quem mente para existir...
As suas novelas de horror e melancolia eram descritas como patéticos lamentos onde suas palavras divagavam e se perdiam num horizonte negro onde pontos de luz artificiais o comoviam...
Era diferente onde tudo era igual,
era o não humano cuja perfeição não era visível mas que podia ser sentida a cada palavra sombria que escrevia...
Nesses diários existiam referencias a pessoas que nunca devem ter existido,
neles eram referidos datas cujos dias nunca foram vividos...
Entre os diários desenhos e velhas fotos mostravam doentiamente a loucura e o desespero pela morte e pelo fim...
Ainda hoje se desconhece esses mundos onde Silencia se encontra,
apenas são visíveis os traços de insanidade de cada palavra que ali se encontrava escrita...
O menino monstro ali divagava solitariamente entre amigos imaginários e memorias fingidas,
a sua alma ali transcrita repousa agora num ultimo verso inacabado:

"Não sei porque hoje paro de escrever...
Talvez as palavras já não me comovam mas a dor ainda reside em mim,
fragmentos de imaginário matam-me lentamente e o olhar está prestes a cegar...
Não espero que leias,
nunca o leste mas hoje a página termina com um até sempre...
Não quero mais ver demónios à minha volta, mas sim, anjos, anjos que me abracem e não, que me façam cair.”

18 de janeiro de 2011

Despedidas.

Como nos meus sonhos, nos meus pesadelos,  existem imagens trágicas, onde contos de fadas são meros adereços de canções emotivas, com elas, podes decorar o meu túmulo com as palavras mais belas, palavras que antes não ousava sentir, não ousava dizer, é hoje que todas essas lágrimas provocadas por palavras reprimidas cairão, nós sempre gostámos de fingir que esse sentimento não é real, porque, enquanto as nossas memórias ficarem na escuridão, eu fecho os olhos. Vais estar mais perto do que nunca.
Aí vai ser o “agora” de tudo o que não vivemos.
Forjado
 somente com metáforas de sangue, eu escrevo, declaro uma promessa de amor eterno em mentiras.
Sempre que um mundo feio se torna bonito é criado apenas para nós, talvez um dia eu me possa perdoar por te ter assassinado nas estrelas que não brilham.
Eu pergunto-me se esta tragédia teve um final feliz, ou se é apenas um começo doloroso.
Talvez o orgulho se tornasse em perigo, mas apenas te peço um desejo, o ultimo desejo, não me vejas cair.
Eu digo adeus muitas vezes,  mas no interior deste meu coração cortado, sinto que nunca me deixarás, mas talvez os corações partidos não vivam para sempre.
Este
 romance trágico torna-se a declaração mais linda de culpa, levando sentimentos
 remendar as feridas abertas no meu coração.
Sai o mesmo sangue que corre nas minhas veias,
 Podes escrever com ele no meu túmulo:

"Se esse amor é para sempre,  para sempre é tudo que eu preciso ..."

16 de janeiro de 2011

Incompreensão.

Pela primeira vez senti amor.
Amor puro.
Que tem isso de errado?
Porquê fazer fazer disso errado?
Um acto condenado?
Pela primeira vez, não senti medo.
Senti-me imbatível. 
Será que sou eu que estou errado e vivo na eterna incompreensão?


15 de janeiro de 2011

Anoitecer.

Olho à minha volta, 
Os cadáveres continuam a dançar aquela dança sádica, as bonecas continuam com
aquele seu riso tão cheio de melancolia e maldade.
Chego a duvidar se não há também vestígios de vingança naquele seu riso tão sarcástico.
Elas rodeavam-me, perseguiam-me.
Nesta luta, tudo se tinha invertido, agora não era o mundo exterior que me abatia, 
agora era o meu próprio mundo imaginário que me matava.
Eu caí no chão, senti-o com lama ensanguentada, ao que se juntou as minhas
lágrimas formadas de melancolia.
Elas estavam-se a aproximar.
Olho para cima, para o imenso céu perfeito, e vejo a lua, uma grande e bela lua cheia.
O luar que emanava, iluminava todas as pedras tumulares existentes no meu belo jardim mortuário.
Tinha anoitecido.
Sentia medo que pela manhã seguinte, tivesse de reunir forças novamente para desfiar a luta contra os meus próprios demónios. 

14 de janeiro de 2011

Para te Ver Morrer.


O amanha antecipa a morte de hoje e talvez já não acorde e adormeça de novo para viver o meu sonho de Romeu e Julieta… 
As minhas lágrimas são lembranças que algures naquela manha me levavam a olhar o céu de uma janela imaginária para o meu mundo real…
 
A dissipação do meu sentimento leva-me a escrever de forma irreal,
 
As demonstrações de ódio e amor fundem-se em mais uma página do diário…
 
A fraqueza do meu medo leva-me a perguntar, que perfeito coração morreria em meu peito neste belo momento…
 
As palavras prendem-se e lágrimas mancham o papel de dor,
 
A despedida de alguém que se ama é se não a mais bela tragédia que posso descrever,
 
Não sei se é correcto dizer que este momento terá de nome despedida pois contigo irá tudo de mim…
 
Peço perdão por cada palavra não dita e por cada momento em que não estive contigo…
 
Nas palavras, o que é belo nunca morre mas contigo morreu a beleza de meus sentimentos,
 
Os meus sonhos se despedaçaram e se um dia eu não acordar fica sabendo que te amo…
 
Que mais belo coração poderia bater em meu peito se não o teu?
 
Nas tuas palavras eu não possuía tal órgão vital,
 
Em mim vias veias de puro ódio e um olhar de puro medo, medo de um dia sentir que te perdi…
 
Hoje sinto que te perdi,
 
A chuva cai neste preciso momento e uma vez mais da janela do meu quarto eu olho o céu,
 
Mesmo que a chuva passe, o meu olhar fixará o céu esperando ver aquele arco-íris negro que me levará ate ti…
 
Ilusões e fantasias de uma pobre alma, que descobriu o que era amar em tempo de cólera…
 
As palavras cessam sentimentos e aquela velha dor ergue-se de novo,
 
O coração entra em colapso e minhas veias enchem-se de ódio,
 
O massacre da minha cobardia desespera-me,
 
O silencio dá lugar aos gritos e o medo reveste o meu olhar,
 
A fé perde-se em quem nunca a teve,
 
A mutilação torna-se holocausto e o meu teatro de marionetas parece ruir a cada memória que tenho de ti…
 
Apenas me resta o suicídio do meu corpo em prol de minha obsessão,
 
Tal como um vampiro suicida em busca do seu vicio,
 
E é ao beber o sangue do teu cadáver morto em mim que eu morro contigo,
 
O teu sangue negro mistura-se no meu coração matando sua sede de te ter…
 
Palavras mostram-se inúteis face a tal sentimentos,
 
A morte ganha nova vida e a minha vida ganha nova morte,
 
Matando a minha esperança de te ter e ganhando nova força para te poder ver morrer…
Um dia iremos vaguear, juntos novamente.

Jardins Do Desespero.


Bastou apenas um momento para que as lágrimas se fundissem no céu… 
A fraqueza que me leva a sucumbir trouxe-me até aqui,
 
Aqui onde o nada impera e os sentimentos vagueiam livremente,
 
Rodeado pelo perdido, encontro-me rendido,
 
A tristeza de sentimentos nobres como amar e odiar aqui são meras flores de sonho e pesadelo,
 
Os jardins do desespero florescem com o triste toque do meu olhar…
 
A chuva reina e torna-se uma atmosfera romântica de um novo poema,
 
A solitária forma de ser regressa com cada pedaço de sofrimento que eu choro,
 
É o começar de uma vida cuja morte se antecipou e matou em mim o desejo de amar…
 
A sombra ganhou forma humana ao reflectir-me nesse mesmo céu,
 
O anjo envolveu-me e as suas palavras conquistaram o meu coração e os meus medos…
 
O anjo erguia asas negras onde os medos eram belas penas negras que agora me envolviam,
 
A sua voz silenciosa adormecia-me e o seu calor não humano conquistava-me,
 
Era o nascimento de uma morte anunciada…
 
A rejeição cresceu no seu olhar e a minha humanidade era uma mísera fragância nos seus sonhos,
 
Frágil e sonhador eu adormeci,
 
Um sonho que o prendia em mim enquanto dormisse,
 
Desejava não acordar mais…
 
Hoje acordei de um sonho que ontem me amava e que hoje não existia mais,
 
Aquele lugar onde o ódio floria não passava de uma bela paisagem de Outono…
 
As folhas caem e em cada uma delas um novo poema se encontra à espera de ser lido...
 
Quando assim for, imagina comigo esses jardins do desespero e sente comigo que tal como eu não estamos vivos em sonhos e mortos em realidades,
 
Apenas vivemos pesadelos em realidades que são o sonho de muitos…


11 de janeiro de 2011

Fobia.

A escuridão amanhece... 
Os raios de luz negativa trespassam os vidros quebrados, 
a sombra disfarça as paredes e a dor me desperta... 
Meus olhos pintados de negro lentamente tentam romper entre a luz, 
os gemidos ainda se ouvem num eco murmurante de agonia e desespero... 
Os lençóis ensanguentados mancham o branco puro de luz, 
meu corpo nu e frio esmorece lentamente... 
A humidade do ar torna-se irrespirável, 
a cada segundo a respiração torna-se vital, 
estou morrendo entre 4 paredes... 
Meu estado febril destorce a realidade, 
risos e gritos parecem surgir das paredes vazias, 
as vozes são diabólicas e sussurram palavras que não consigo decifrar, 
a loucura parece me possuir até que escurece o amanhecer... 
A porta abre-se entre a sombra mostrando a luz... 
Tento me levantar mas as forças me abandonam e caio inanimado num espécie de coma imaginário... 
Sinto frio... 
Muito frio... 
As vozes me despertam, 
gritam, 
sussurram... 
Tento desesperadamente ouvir a tua voz entre elas, 
elas tornam-se tão silenciosas e o ruído das maquinas mecânicas ouvem-se algures desta janela... 
Aproximo-me e vejo o mundo que me torna doente mas... 
As luzes artificias não me magoam... 
Desorientado deambulo entre as ruas vazias de expressão, 
sombras artificiais ganham rostos humanos cuja expressão é a de alguém que sorri doentiamente, 
entre essa multidão de almas perdidas eu procuro desesperadamente o teu rosto e desespero por a tua voz... 
As luzes apagam-se e encontro-me de novo entre estas quatro paredes, 
a porta está selada, 
talvez nunca tenha abandonado esta cela e a demência me tenha levado até essa linha sem fim... 
Estou perdendo o controlo e o som da minha voz parece surgir como um grito silencioso que desespera por ajuda... 
A lua parece ouvir o meu chamamento e surge no céu mais bela que nunca, 
as estrelas no céu ardem como um fogo interior que me desperta os sentidos e me faz olhar um espelho que se fragmenta a cada mentira que vivo, 
até que se parte em fragmentos luminosos de sonhos de quem antes costuma sonhar... 
Desisto da vida e deito-me levemente esperando adormecer e não mais acordar, 
as marcas dos estilhaços marcam-me a pele e a dor é a única companhia que me resta neste acordar para morte... 
É nesta linha sem fim que o tempo e o espaço se cruzam e me despedaçam ao fazer-me assistir à paragem do meu coração... 
Ele bate desesperadamente como se tivesse vontade própria, 
uma vontade que não me move mas que me comove... 
O frio congela-me e as minhas mãos abraçam-me e envolvem-me, 
parece que sempre fui eu contra o mundo e agora é meu mundo interior que me corrói... 
Oiço uma voz sussurrar no meu ouvido, 
essa voz adormece-me e promete-me:
Não vais acordar... 
Essa voz embala-me como uma mãe embala o seu filho, 
essa é a voz que me leva a vida de forma tão bela... 
A voz parece tão distante que apenas a consigo imaginar... 
Essa voz murmura fobia...