5 de março de 2011

Neve de Dezembro.

Parece uma despedida há muito anunciada, parece um sonho distante, mas na realidade está mesmo aqui. Parece espelhar o ressentimento de uma solidão, parece o fim daqueles que corriam até ao limite do céu... Soa como a Dezembro perfeito na neve fingida, neve manchada de sangue, este é o meu traje de Dezembro, é o reflexo da beleza e da solidão em que me encontro.
Eu crio um belo anjo de neve, ele é como fomos em tempos passados, abençoado com a divina perfeição. Ele ganha tons avermelhados, de um sangue puro dissolvendo-se na cor-de-esperança da neve. Este é o meu Dezembro disfarçado, é o reflexo da beleza e da solidão em que me encontro.
A neve cai, ela dança como um belo origami deambulando no ar, pareçe o começo do apocalipse em lágrimas de papel, é o fim ignorado por todos, o fim onde a liderança me é roubada. Agora só há cristais de gelo, que aos poucos funcionam como espelhos e partindo-se, estas são as minhas metafóricas memórias.
O caos torna-se sentimental, onde agulhas letais brilham fazendo-me sentir dor novamente, faz com que me sinta vivo, as doses de adrenalina injectadas por essas agulhas, transportam-me até à loucura. Este será o último Dezembro que a neve cairá diante os meus olhos. Este é o meu Dezembro morto, é o reflexo da beleza e da solidão em que me encontro.
Os meus olhos encontram-se fechados, mas quando reabrirem, irão ver que já não estás aqui, mas pior, irão ver que eu próprio já não me encontro aqui. Eu sei toda a força que demos, eu sei todas as batalhas que ganhamos; não quero voltar para trás. Este é o meu Dezembro, é o reflexo da beleza e da solidão em que me encontro. Eu não tenho forças para reconhecer que isto é o final deste conto de monstros, príncipes, assassinos e bonecos.
A neve cai... As palavras presentes nestes memoriais gelam-me o coração. Sobre este caixão de memórias forma-se um manto de neve. Até ele descongelar “eu” ficarei lá.  Este foi o Dezembro, que me enterrou até o descongelar para o meu “eu” renascer novamente.

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