31 de março de 2011

Às vezes…

Às vezes, muitas vezes até, falo do que não sei mas é uma forma de exprimir o que não tem lógica. Acho que um dos desejos básicos do homem é ser compreendido, ou pelo menos o meu é, e cada um exprime-se da forma que acha melhor; há quem expresse o que sente pela dança, outros pelas palavras, pela música, por imagens ou pinturas e depois há os que simplesmente se expressam pelo silêncio. Na minha opinião o silêncio é uma boa forma de nos exprimir-mos pois há todos os tipo de silêncios que possamos imaginar; há silêncios profundos, silêncios dolorosos há silêncios alegres, há silêncios que nos conquistam... E o silêncio é a forma mais básica de nos exprimir-mos pois desde criança que o sabemos, não precisamos de pensar, de escolhe-lo pois ele surgem sem pedirmos nada. Já eu exprimo-me pelas palavras, mas apenas palavras escritas pois as ditas são mais dispersas.
A nossa mente leva-nos para um caminho que, sem dúvida alguma eu não quero nem desejo a ninguém segui-lo, faz-nos deitar o coração abaixo, matar os sonhos e construir uma realidade estranha. Acho que devemos seguir o caminho, ou melhor dizendo, os ideais do coração pois é ele que nos mantém vivos e não é apenas fisicamente mas sim mentalmente pois quando nós queremos algo, quando pensamos em algo temos um sentimento, bom ou mau, que nos faz escolher um caminho.
Começo a achar que os sentimentos estão um bocado disfarçados porque quando nós odiamos antes tivemos de amar, não é? Porque nós nunca podemos repelir uma coisa de nós que nunca foi nossa logo o ódio é puramente o amor e a derrota juntos que nos criam um desgosto, ao qual nós gostamos de chamar "ódio". Sinceramente, para mim, o ódio é um sentimento muito forte e, especialmente, definitivo para se sentir. Há uma coisa que eu sei, sempre soube, é que o sentimento é algo psicológico pois o que nós realmente sentimos não se pode definir e mesmo que conseguíssemos seria difícil todos sentirmos e expressarmos o mesmo para se arranjar uma definição para isso, não é? Ah, e os únicos sentimentos, a meu ver, que já toda agente sentiu e consegue definir são a saudade, a dor ou tristeza e a felicidade pois são os sentimentos básicos que alguém pode sentir, exprimir e definir com clareza; a felicidade com um sorriso, a dor/tristeza com as lágrimas e a saudade com falta da presença física ou psicológica dessa pessoa. Não sei se me exprimo bem, não sei se as pessoas percebem na forma que lhes quero dizer, mas se perceberem alguma coisa já é bom, pelo menos eu acho. Aliás, é complicado fazê-lo pois o que para mim faz todo o sentido para outra pessoa pode não fazer, pode não passar de uma mistura de ideias, uma confusão de palavras, ou seja, coisas sem sentido, não que isso me importe muito pois eu preciso é de me expressar, não quero saber se me percebem, nem muito nem pouco.
É estranho e além de estranho desagradável sentir que falhamos perante alguém. Quando nos depositam a confiança e nós, sem querer, falhamos. As palavras que antes pareciam lamber as feridas, tapa-las, parece que as perfuram, bem fundo, até nos fazerem implorar que parem, até nos fazerem gritar e chorar de dor. Até há algo de bom pois com o tempo, com o peso das derrotas, habituamo-nos à dor e ao sentimento de derrota, habituamo-nos aos gritos e começamos a calar-nos pois muitas vezes o silêncio faz um muro, quase como que um refúgio, e acima de tudo ensina-nos a ouvir. Nós devíamos ser todos cegos e vermos com o coração pois se um olhar vê um olhar, um coração deve ver um coração que é a parte mais simples, que cresce connosco e que por mais que o que esteja por fora mude, sentiremos sempre o mesmo. O coração é algo definitivo, tudo o que entra nunca mais saí - arruma-se, diminui mas nunca, nunca em ocasião alguma desvanece.
O passado é algo que deve ser ignorado mas, quando é necessário, também deve ser lembrado pois é, ou pelo menos devia ser, com os erros que fazemos nele que aprendemos a ser quem somos hoje. Por mais que doa ver o que perdemos, o que errámos, também ganhámos muito com o que fomos e não devemos ter vergonha ou esconder o que fizemos. Errar é humano e também é algo que com o tempo aprendemos a lidar tal e qual como aprendemos a suportar as consequências dos nossos actos, dos nossos erros. Algo que eu penso é que os sonhos seguem-se mas os modos de vida aprendem-se, pois nós não sabemos desde sempre viver pacificamente numa sociedade tão variada, como hoje existem mas já os sonhos seguimos, passamos por cima de quem for preciso e às vezes levamos pessoas connosco mas nunca os deixamos de seguir. É assim. A vida, a derrota, a sociedade, tudo. Às vezes, fazemos, somos e sonhamos, o que não queremos, o que não somos e o que jamais sonhamos.

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