1 de fevereiro de 2011

Arcanjo.

A porta abre-se lentamente...
A luz ganha batalhas face à escuridão e lentamente me alcança...
Mais bela que nunca essa luz seduz-me ao ganhar forma de um arcanjo belo e letal...
A sua face...
A sua face é a de um espelho onde o reflexo do meu imaginário ganha forma...
Ganha a forma de sentimento,
um sentimento que me preenche de livre vontade...
Sinto o seu toque sobre minha gélida cara e imploro por mais...
Muito mais que um sentimento eu imploro por a existência...
Não distingo a realidade da ilusão mas a sua voz guia-me entre os corredores desta prisão humana,
até que a luz preenche toda a existência do meu imaginário,
estou a perder o controlo de livre vontade,
espero perder-me rapidamente nesse abismo sentimental onde algo me espera...
Deixando o coma imaginário, a realidade mostra-me esse arcanjo numa face humana,
uma face que me ama...
A luz dispersa-se e as sombras iludem-se,
o arcanjo sorri e olha-me...
Sinto-me preso numas asas que não necessito,
o fim parece próximo e o arcanjo continua preso nesse espelho que a cada segundo fragmenta-se...
Adormeço na esperança que o dia morra e a noite me sepulte até...
Até que a luz ganha uma nova batalha...
Trespassam estilhaços e mutilam-me novamente...
Os gritos e o desespero levam-se até esse espelho onde o arcanjo chora...
Vejo a sua mão tocar o vidro gelado e partido e vejo que minha mão está junto a ele, e choro também...
O coração bate...
Bate fortemente...
As sombras vestem-me e os meus olhos pintam-se de negro enquanto no espelho as lágrimas do arcanjo  também são negras...
Ele olha-me...
No vidro a humidade da sua respiração é visível,
o seu olhar fazia o meu coração bater...
A loucura atinge o limite ao deixar que o sol entre neste beco escuro e me faça ter esperança novamente, me faça viver...
Senti esperança por entre a escuridão.
Um pequeno anjo de asas brancas e olhos negros cuja expressão é vazia e o sorriso maquiavélico...
Eu amo.

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