26 de fevereiro de 2011

Principe.

Chamo pelo teu nome…
O silêncio que se segue mata-me… 
Tornei-me escravo da tua existência e no meu pensamento vejo-me dependente de ti de livre vontade… A transmissão desse pensamento percorre a memória das lembranças que imagino para mim...

Esse amor circula nas minhas veias,

Inunda-as de um veneno mortal cuja apenas a palavra amar é a cura da minha morte premeditada…
A dor de te ter longe martiriza-me, leva-me a chorar sobre fragmentos de um romance negro onde um anjo de luz ama um anjo de pura sombra…
As palavras que me inundam a mente gritam o teu nome vezes sem conta,
Na escuridão imagino-me envolvendo-te no meu corpo,
Protegendo nas tuas asas cor de luz,
Abraçando-me para que não tenha mais medo de viver…
O dia de amanha oferece-me a esperança de te ter,
A cada segundo o meu coração dilata-se pois não é capaz de suportar este núcleo de sentimentos que me trazem novamente para a vida…
Vejo-me na escuridão imaginando-te algures aqui,
Imagino-te sorrir,
Oiço a tua voz sussurrando para mim e ai adormeço,
Sei que estarás comigo aqui…
Ainda guardo as tuas memórias, vindo á minha cabeça sempre que a falhada tentativa de adormecer se dá,
Em tons de sépia, essas memórias levam as minhas lágrimas a cair,
Ver o teu rosto e não lhe poder tocar arranca-me pedaços de alma,
Pedaços esses que se tornam desejos de um dia te ter por completo…
O dia chegará.
E tal como na canção serei apenas eu e tu correndo contra o mundo ate ao fim do tempo onde a chuva não mais nos magoará…
Tudo o que sinto transforma-se em medo,
O medo que tua voz se perca e que o teu olhar se apague,
O medo que rejeites o meu coração retalhado e que ele se quebre em fragmentos de sombrias esperanças novamente…
Sei que não é suficiente dizer o tão belo “amo-te” pois o que sinto já mais se transformará em palavras…
Os sentimentos aprisionam-me no teu ser e nele espero perder-me, para que contigo me reencontre novamente.
Não sou perfeito e a rejeição à luz mantêm-me longe,
Mas o que sinto brilha mais do que qualquer estrela luminosa…
Espero aqui na escuridão,
Tento não me perder a mim mesmo e agora sou apenas eu e tu…
Serás príncipe encantando neste sombrio romance onde o final feliz se encontra breve.
Tão breve que, basta olhar para além da escuridão.

25 de fevereiro de 2011

Saudade.

Sonho com a escuridão desde o dia em que senti a luz…
Depois dos meus sonhos, o medo torna-se num sentimento indesejado crescente…
Vazio e à deriva a memória retêm-me nesse coma de ilusão onde as asas se pintam de imaginação e onde a perfeição torna-se num pequeno paço no meu mundo….
Finjo sorrir, escondendo a dor que sinto,
Ignoro sentimentos e deixo as minhas lembranças sombrias brilhar como uma estrela negra que brilha comigo para mim…

Não sou perfeito face a humanidade,
Os defeitos da sombra surgem na luz e o monstro torna-se alvo da crueldade de Deus…
As cobaias olham-me e proclamam o fim…
O tempo chega e o fim torna-se começo pois a minha estrela negra brilha mais que nunca,
Brilha no meu olhar e no meu coração; ela pulsa de pura saudade…
Esqueci a existência e acordei para a paixão desse novo mundo que se aproxima,
A morte vira inspiração de novo e traja-me uma face de luz,
As trevas envolvem-me e as minhas asas tornam-se negras e belas,
Será o renascer desse mundo caótico onde Silencia já teve lugar; mas que já não tem mais…
Hoje a terra do nunca encontra-se no pais das maravilhas,
Aqui tudo é real basta acreditar,
E eu acredito em mim…
Ninguém ouve,
Ninguém vê,
Mas eu sinto…

Sinto-te aqui, perto de mim.
Hoje começa o terminar de ontem,
A saudade não me matará de novo e a dor será luz negativa brilhando para mim…
Vazio sim, mas nunca mais sozinho…
A estrela brilha de mim para mim,
Ela brilhará até ao fim desses dias, onde o começar do fim terá lugar…
A saudade inunda-me, por saber que o monstro fará sempre parte do seu esqueleto, e a morte não tem tão furtiva força para esta separação.



23 de fevereiro de 2011

Sofrimento Terminal.

Consegues ouvir-me?
Grito pelo teu nome...
Não sei quem és nem onde te encontras mas se me ouves grita para mim, imploro-te…
Apenas mais um buraco negro na felicidade separa-me do holocausto de minha mísera existência,
A solidão aproxima as paredes da minha prisão mortuária e me enclausura em minha sede de ódio…
Peço-te que me salves de mim mesmo e grites para que não me veja só, não morra só…
As palavras tornaram-se eco neste lugar vazio,
Gritos silenciosos emergem e submergem em toda a minha vontade de gritar…
Apenas vozes me inquietam,
Apenas vozes e ruídos no meu coração,
Como posso eu sucumbir a demência e paranóia do meu medo?
Se me ouves gritar então grita para mim,
Diz-me que não estou só…
A sombra aproxima-se e a escuridão sufoca-me,
Estou à deriva em mim mesmo…
Salva-me...
Impede que minha alma se torture e que meu corpo se mutile,
Impede-me de cair no esquecimento…
Eu ainda te consigo sentir…
Salva-me…

Desisti dos meus sonhos.
Já não passo mais de simples memórias que serão apagadas pelo tempo.
O meu suicídio irá dar-se em pouco tempo.

20 de fevereiro de 2011

Estranha Morada.

Estava, um lindo amanhecer, de tons coloridos, com uma brisa fresca batendo-me na cara.
Como é que eu sentia isto?
Fazia dois dias, que encontrara uma estranha página de papiro...
Essa página levou-me a procurar, o desconhecido, mas no entanto uma pequena parte do meu imaginário.
Essa página continha uma morada.
E eu estava diante ela.
Quando entrei, entendi.
Tivera razão quando proferi que era, aquela página perdida no tempo que me daria o que sempre quis.
Que, não me deixaria feliz, mas com toda a certeza realizado.
Era a morada da morte.
Beijando-me sensualmente, tira-me a vida aos poucos, e a minha existência apaga-se.
Naquela morada repousavam as incertezas. Ali palavras eram antídotos e palavras eram venenos.
 Excessivamente amarga aquela palavra, tão amargo sentimento... O fechar de uma alma perdida pelo tempo, o alcançar de uma sombra esquecida no relento...



Malignum.

Naquela cidade, pouco bem se praticava.
Via-se ladrões de corpos, de almas, de tudo.
Aquela cidade, sem aquelas pessoas era bela, estranhamente bela.
Com um ar medieval, circundada por umas muralhas em ruínas...
O bosque no meio deste reino estava sobrecarregado de almas malignas, que me tentam penetrar no corpo obrigatoriamente.
Mas eu conhecia aquele sitio.
Outrora, em tempos longínquos, eu tivera habitado naquele sitio.
Nas  minhas recordações não era possível perceber em que vida, em que época.
Mas estava idêntica, nada mudou.
Aquela cidade tinha de nome "Malignum"...
A Cidade do mal.
A cidade sem privacidade, onde tudo via todo, para o mal ser praticado.

Abandono.

Tentando suster a respiração a chuva oculta-me as lágrimas e a minha inspiração parte com teu olhar…
Aqui me encontro de novo divagando e deambulando em tuas memorias sombrias,
Sei que nelas sou apenas sombra mas pergunto-me se ainda vês esse meu coração negro batendo para te manter vivo em mim?
Esperava que fizesses do meu coração um lugar melhor mas apenas quebras-te o que eu tinha de real e hoje não passo de um coração artificial que bate em mim,
O ser mecânico cujo ódio pulsa em forma de sangue, envolve as veias das tuas memórias e leva-me a auto-mutilar apenas esperando que me abandones uma vez mais…
A esperança e as lembranças de outrora torturam a minha alma e o teu nome torna-se eco de uma obsessão que me leva a desesperar em cada segundo,
Esse derrame sentimental leva-me a gritar por esse demónio que me atormenta a existência…
A fé torna-se inútil e a cruz inverte-se perante mim,
A agonia transforma-se no mais belo sacrifício ao acreditar que o céu não é real e o inferno ganha extensão do seu reinado no lado negro do meu ser…
Perdoa-me por te esquecer e lembra apenas o ódio que te fiz sentir,
A dor final aproxima-me ao cortar todos os laços que te ligavam a mim, horrenda marioneta…
Perdoa a minha alma por uma vez mais te abandonar,
O caminho se estenderá na memória, mas os passos são o presente de um futuro negro onde amigo se torna desconhecido e onde o amor que sentia se tornará apenas um derrame sentimental que tal como os laços sanguíneos podem ser cortados pelas mais belas mãos de tesoura…

Factos.


Era como uma inocência que preenchia a alma,
Devorava a escuridão e dela criava luz,
Desmascarava medos e destronava a tristeza do amanhecer...
Ali o crepúsculo agitava-se a cada pulsação,
As palavras devoravam as sombras e a criação tinha começo,
Era como fechar os olhos e recriar a realidade a cada fragmento que chorava...
Mas a luz invadiu o meu refúgio de sombras afastando as asas da escuridão,
Perante tal evasão a cruz se tornou leve e os gritos se ouviram,
Belos e mortais...
Sem beleza mas imortais.
Apenas uma alma mutilada em decadência,
Lamentos de miséria e crueldade de alguém que apenas a escuridão ama...
Apenas um puzzle de palavras onde pequenos pregos se agregam ao meu coração e me causa ferimentos, tornando-me morto agora não apenas para mim mas para ti que não existes também...
O meu coração é teu... 
Tornando-nos em um só.

18 de fevereiro de 2011

A Morte.

Aquela tua imagem...
O teu corpo inanimado, sem vida...
No teu peito, não se sentia o mais fraco batimento cardíaco e o teu olhar fora definitivamente apagado.
Naquele dia, a minha existência modificou-se.  
Desde então, sempre que a minha mente revelara uma imagem tua, no meu rosto caíra uma melancólica lágrima originada de dor e vingança.
O pano de fundo, jamais seria o mesmo... Agora, apenas ouvia aquela ensurdecedora balada originada pelo antigo teclado de um piado, misturado de gritos de vozes imaginárias na minha mente.
Prometera, que vingaria o teu trágico fim...
Era o meu luto...
A minha forma...
Olhava à minha volta, chovia torrencialmente, mas a noite continuava a exibir aquele luar estranhamente belo.
O meu rosto estava deitado sobre uma pedra fria... O teu túmulo tinha-se erguido.
Consecutivamente, a minha sede de vingança tinha-se manifestado.
Originou-se a bela tragédia...
O grande fenómeno de o coração parar e a alma vaguear...
Eternamente.



17 de fevereiro de 2011

Gritos.

Eu não sei o porquê...
Não sei porque viver assim, desta maneira,  na minha mente apenas se ouve "pânico".
A cada esquina que cruzo há mais um obstáculo a ultrapassar onde a dúvida é (e talvez seja sempre) se viverei após a cruzar.
Todos os meus medos, tudo se transforma em revolta, em guerras inacabadas onde saio sempre perdedor.Eu não sei o porquê desta constante relação directa com a morte, eu não sei o porquê de ver sempre negro quando todos dizem ver tons coloridos.
Eu não sei, eu não compreendo o porquê desta minha sofrida existência.
Um dia irá acabar, mas quando?
Não passo de um ser esperando a morte.
Não passo de um anjo mutilado a quem cortaram as asas.
E do seu coração apenas se ouvem gritos de horror.

16 de fevereiro de 2011

Limite.

Todos nos, quando nos sentimos sós, choramos. Há quem apenas chore por dentro, mas na minha realidade é o mesmo.
Há aqueles que deviam sentir mais e os que sentem demasiado.
Eu englobo-me no segundo grupo.
Tem vantagens, mas tal como tudo neste mundo também tem desvantagens. As vantagens é que muitas vezes, um sorriso me é arrancado por situações que os outros nem reparam, alcanço a felicidade muito rapidamente.
Mas a desvantagem é capaz de me lançar ao fundo do poço de onde não me consigo mais levantar.
Muitas vezes, quando a revolta se instala em mim, me possui e corrói, fico no limite.
No limite do bem e do mal.
Depois faz-se a luta novamente, onde eu luto para ter um sorriso e onde todos os outros se opõem para me verem no fundo do poço.



15 de fevereiro de 2011

Liberdade.

Todos nos vivemos diferentes tipos de mentiras mas o que nos une é vontade de nos libertar...
São caminhos diferentes que nos levam a um inferno paralelo onde somos quem somos e não quem mostramos ser...
Somos seguidores de sonhos utópicos e perfeitos onde vivemos fascinados por realidades alternativas onde o céu é apenas o começo...
Nós somos liberdade,
nós dançamos na beira do abismo celestial,
somos aqueles que dão pelo nome de renegados,
somos luz e escuridão alternativa num céu contagioso de morte e agonia...
Peço-te que libertes a tua mente e me possuas lentamente,
deixa que te mostre a liberdade dançando no começo do céu,
o tempo estará parado e o momento será eterno,
será único,
serão sonhos onde gritarás por mais...
A mentira desloca o sentido do viver, mas belas bonecas surgem dançando para mim,
elas têm o “nunca” no olhar e o medo no coração que bate caoticamente por liberdade...
Dá-me a mão, bela boneca de porcelana,
deixa que te mostre estes mil céus intermináveis,
deixa-te perder comigo onde tantos já o fizeram,
deixa que minhas mãos de tesoura te cortem a ligação à vida cortando esse arame farpado que te controla a vontade e finalmente poderás sentir esta liberdade alternativa...
Abre a tua mente para mais,
segue os teus sonhos e leva-me contigo até ao abismo do teu inconsciente onde o meu reino de bonecas assombradas te silenciará a dor e onde possuirei o teu corpo e alma deixando-te livre para seres quem és...
É assim que somos...
Espíritos livres de humanidade onde o monstro em nós ganha forma ao sentir o ódio humano preencher-nos,
esse mesmo ódio que me desperta para essa realidade alternativa onde podemos ser como realmente somos...
Somos livres uma vez mais ao não fingir um sorriso falso que se repete ao longo de uma vida...
Prefiro não sorrir parecendo uma boneca de porcelana sem expressão,
apenas vazio de humanidade e preenchido por um sentimento de liberdade que me torna parte de uma metáfora,
uma metáfora de vida que é viver morto a cada mentira que me cega e me atira até esse abismo onde o céu tem mil tons e eu apenas vejo o negro...
Por isso peço que libertes a tua mente das mentiras humanas e me vejas como um sonho irreal onde dançar no céu não será o limite,
encara a minha voz como um repetir de sentimentos alternativos onde grito até acordar a tua mente para mais...
Muito mais do que esta liberdade alternativa...
Lembra-te que o medo não te pode impedir de seres quem és,
ele é a mão da sombra que te encobre,
por momentos imagina que essa mão é a minha...
Também sinto medo mas se o céu não o limite porque não lutar para o ultrapassar?
Abre a tua mente para mais...
Lembra-te, estarei no limite desse céu esperando que agarres na minha mão e te deixes levar até essa liberdade alternativa onde bonecas dançam no limite da minha imaginação...

14 de fevereiro de 2011

Reencarnação.


Estranhamente sentia algo que nunca antes havia sentido...
Senti a força da morte em mim.
Sentia a pele a perfurar-se deixando terríveis poças de sangue no chão.
Senti a força da revolta.
Os meus olhos cravejados de morte, o meu coração erguendo um tumulo de um ser outrora vivido.
Os meus gritos de terror eram sentidos muito além da linha do horizonte.
A minha voz trémula perguntou: “és tu, a morte?”.
Na minha mente, algures surgia a resposta... “sim, meu filho, vinde até mim
Nesse momento mais uma vida se perdeu, para dar lugar a outra...
Aí morreu a pessoa que nunca teve a oportunidade, quando ironicamente falando, todos merecem duas.
Nesse momento, uma vida acabou, para nascer outra.
Esperando que não seja outra vida irrelevante, eu me perco.
Até onde não me encontrarei novamente...



Identidade Duvidosa.

Nos meus pesadelos, eu sou outro.
Muitas vezes me pergunto se são pesadelos, diabólicos e irreais ou se são apenas futuras visões da minha melancólica existência...
Será que um dia, me tornarei um monstro?
 Um monstro vingativo com sede do sofrimento alheio?
Eu luto, para que todos os dias, seja apenas eu.
Para não me tornar em tudo aquilo que não sou.
Muitas vezes torna-se difícil.
 Será que irei ser um monstro enquanto apenas quero ser um eterno poeta?



13 de fevereiro de 2011

O Fim.

Eu gastei os meus últimos dias,
A pensar sobre os tempos passados,
Queria gasta-los contigo,
Passou-se um dia,
Acabou outra noite,
Porque não posso passar os tempos contigo?
Eu não passo de um simples “nada” do meio de um “tudo”,
Tenho de me esconder no meio da multidão,
Neste lugar, reina a confusão,
Chegam memorias, mas que já não são desejadas,
Silenciando a minha respiração para sempre...
Sou um eterno apaixonado,
Não por ti,
Não por ninguém.
Elevando-me no vazio,
Eu não sinto amor por mim.
Este foi o meu ultimo momento,
O último de todos.

Porquê?

Estou farto, que dia após dia, todos me olhem da mesma maneira...
De ser visto como o monstro que está erradamente nas suas vidas, de ser visto como algo que está sempre a mais.
Será que se nascessem diferentes gostariam de ser humilhados, julgados e mal tratados a cada passo dado?
Como se sentiriam se vissem que todos pensam que têm o direito de considerar algo diferente ou normal, e te englobassem no grupo do diferente tempos após tempos?
Como se sentiam se vissem que o suicídio é a melhor opção?
Será que têm o direito de fazer com que a nossa vida seja assim?

12 de fevereiro de 2011

Ultionem.

Estava encurralado algures num corredor subterrâneo. Aquelas criaturas de deus, tinham-me feito prisioneiro. Agora a questão jamais seria se a minha vida acabaria ali, naquele vazio corredor, agora a questão era o que implicaria a minha tão aguardada, mas, no entanto neste momento tão receada morte.
Eu sabia que no meio de todo o ódio, indiferença e mais uns quantos sentimentos que sentiam por mim, no meio daquela manta de ódio, também foi tecida uma pequena parte (tão pequena que muitas vezes não a vira) de amor e talvez tolerância.
Pelo menos era assim que eu vivia (ou sobreviva), a pensar que no meio de tudo havia, uma pequena parte de amor e tolerância.
Os meus olhos, pintados de negro, manchados pelas lágrimas, não conseguiam ver. Talvez por culpa da enorme escuridão que se fazia sentir à minha volta, ou então foram de vez cegados pelos corvos cadáveres esvoaçando à minha volta. Não sabia, mas muito sinceramente não queria saber.
De repente, uma luz surge, e me fere os olhos.
Tinha umas asas de anjo acinzentadas violentamente cozidas nas minhas costas. Queriam tornar o demónio em anjo.
Bem ao fundo, estava um livro. Correndo em sua direcção dou de caras, com um estranho livro alquímico, de couro preto onde se podiam ler, numas letras desfocadas pelo tempo “Ultionem”.
Esse livro, quando aberto transmitiu-me uma força vital.
Na minha mente uma voz gritava “Vingança”.


7 de fevereiro de 2011

Humilhações.

A vida desgasta-nos a alma enquanto no corpo as marcas da realidade se tornam dolorosas a cada olhar sobre elas...
O passado vive presente a cada flash de memoria onde a humilhação vive nos meus olhos...
No meu olhar a agonia dá lugar ao sofrimento que me é imposto a cada sentimento humano,
atrás de cada porta aberta um rosto vazio espera-me e um riso surge,
a cada esquina uma nova batalha,
a cada segundo a diferença será paga com o meu sangue...
Nada disto passa de uma existência caótica,
o sofrimento existe para que agora conte esta bela humilhação de mim para mim...
É tão belo o sorriso fingido e as palavras ocultas nele onde o "odeio-te" é me tão familiar...
Tão familiar que me faz chorar...
As batalhas de antes tornam-se num jogo mortal onde hoje aposto a minha vida nele,
a mentira,
a bela mentira torna-me frio ao apostar memorias num jogo de vida ou morte onde eu espero perder e assim morrer...
O silêncio dos meus gritos torna-se belo, pois o sofrimento não é fingido mas todos me olham, consomem-me e despertam-me o ódio...
A vida torna-se patética e o viver agoniante,
é uma bela negação de quem vê a vida como um puzzle onde faltam as peças de felicidade e restam apenas as de ódio...
O ódio de quem detesta a humanidade e as patéticas marionetas de que dizem ser de “deus”...
O rio da vida corre agora em tons de encarnado pois os anjos são mutilados e seu sangue corre agora nesse rio infernal...
As lágrimas que antes de mim caíam são agora choradas por um coração feito de sombra,
ele bate de forma negativa onde a beleza da mentira se torna uma bela negação de quem vive para sofrer...
O medo...
Sinto-o a cada esquina,
A cada batimento.
É do medo para o medo que me entrego e me perco para nunca mais me encontrar...

5 de fevereiro de 2011

Escuridão.

Durante intermináveis tempos foi a minha única amiga.
O tempo passou, de braço dado com ela construi épicas histórias, felizes e tristes, imaginárias e reais.
Nela construi um reino, denominado “silencia”, onde se riam para mim e não de mim.
Um facto, é certo, nunca me deu um sincero sorriso, mas outro mais certo ainda, nunca me deixou realmente ir ao fundo.
Ela estendeu-me a mão, mostrou-me o que há para além, tirou-me a felicidade, mas deu-me sabedoria.
E foi nela que passei de um monstro para um anjo.
Foi nela que passei de um menino para sangrento.
Mas, ninguém pode ousar dizer que a abandone, porque por mais triste que seja a vida, eu tenho uma, e a ela tenho de agradecer.
À escuridão, por me dar esta vida, tão injusta, tão infeliz e blasfémica, mas que apesar de tudo não deixa de ser uma vida.

Humanidade.

É no inconformismo da vida que o corpo rejeita a alma como um parasita e te deixa vazio...
O olhar perde-se num horizonte agora distante...
A voz... Essa torna-se muda ao sentir o silêncio de quem grita por mais...
As minhas mãos cobertas de sangue e morte unem-se na cruz,
As minhas lágrimas tóxicas de ódio e sofrimento escorrem por uma face vazia e fria...
Em redor dos céus a existência culmina,
finge,
torna-se contagiante...
É assim que eu sou,
uma negação espiritual e macabra,
uma marioneta controlada por um ser diabólico que destrói vidas em vez de as criar...
Eu sou criado a partir dessa medula espiritual onde a génese do ódio é imposta como uma trepadeira de flores do mal,
ela cresce e instala-se em mim... Comanda-me, exila-me...
As flores do mal cresciam apenas nos meus sonhos mas agora florescem nos meus sentimentos,
tornam-me escravo de uma doença terminal a que chamam de “humanidade”...
Mata-me aos poucos.
É assim que eu sou um fragmento de medula de um mal maior...
Doce inferno, eu espalho a minha mensagem,
eu, um mensageiro da agonia e desgraça voarei como um corvo espalhando a morte...
As cobaias de deus mostram-se unidas face aos demónios que no seu interior ganham vida,
as sementes do mal regeneram-se,
ganham vida depois da morte e te trazem até mim...
Não podemos mudar o que somos mas podemos ser isso e muito mais...
E é assim que eu sou,
mais que um mero anjo caído do inferno e muito mais que um demónio vindo do céu...
Sou a medula de um mal maior...
Muito maior... Chamada de “humanidade”.


O Meu Reino.

A porta para silencia encontra-se aberta...
O meu coração e o meu imaginário derramam a chave para esse mundo assombrado onde bonecas ganham vida e onde humanos são meras marionetas de brinquedos inanimados e sem vontade de existir...
Os meus sonhos atingem o real...
A fantasia invade o sangue e a ilusão, deturpa a realidade e silencia surge como um mundo alado onde os mais macabros pesadelos ganham capa de lindos sonhos de veludo...
O olhar encontra-se vazio,
o coração partido,
a alma despedaçada,
os sonhos desfeitos,
e as lágrimas, essas escorrem numa face de porcelana branca e fria...
As minhas mão são articuladas,
o arame farpado envolve-me e uma coroa de espinhos decora-me,
um reino de bonecas assombradas espera-me e enquanto uma marcha fúnebre sepulta o meu corpo humano,
tenho vontade de chorar, mas as marionetas não choram...
Quero sentir mas, não é suposto os bonecos sentirem...
Silencia retira-me a humanidade e dá-me o mais belo olhar,
um olhar mecânico e artificial que a cada segundo parece humano,
o mesmo olhar perdido e fingido que tinha quando era humano...
Um caminho de tons negros leva-me até ao castelo encantado, ou melhor dizendo assombrado,
nele bonecas parecem possuir vida até ver os seus olhares mecânicos e melancólicos,
as suas vestes eram belas e seus sorrisos macabros...
Nesta perfeita casa de bonecas um trono espera-me,
uma escadaria repleta de bonecas de trapos indica-me o caminho,
são mil e um degraus até ao trono de silencia...
Sentado no enorme cadeirão vejo bonecas, que dançam enquanto cordas as comandam,
a melancolia e o silêncio imperam onde a vida não se reproduz,
este é o reino de silencia onde eu me perco de livre vontade,
no meu coração, agora também mecânico bate uma bomba metálica que me obriga a sorrir falsamente,
o mesmo sorriso que odiava...
O silêncio ganha de novo papel principal nesta actuação de marionetas assombradas encenadas por um menino perturbado que gostava de ser uma boneca apenas para não ter de viver e sentir...
Um menino a que deram nome de menino-monstro o príncipe de silencia...

Sonhos.

Se o céu é o limite então ganharei asas imaginarias e voarei,
quebrando as barreiras da solidão eu dançarei entre as nuvens negras e chorarei com elas...
A chuva será negra até se tornar vermelha ao sangrar constantemente por cada mentira que me afasta e me devolve à humanidade...
Mesmo depois da chuva, o céu ganha forma de uma linda ilusão...
Cores simulam mundos enquanto o mundo real perde-se a cada olhar que se apaga,
antes mesmo do meu olhar cegar eu olho esse mesmo céu esperando mais,
muito mais que sonhos artificiais...
Antes de minha voz se silenciar eu prometo tocar o limite,
não do céu mas da humanidade dançando com o mais belo anjo...
No limite do céu o anjo sorri,
o seu olhar luminoso antecede a sua voz angelical e ai constrói-se o derradeiro pecado...
As palavras enchem o céu, e quem nós somos pouco importa pois no limite da imaginação podes ser quem quiseres...
Aqui apenas importa o porquê de sonhar...
E eu sonho dançar no limite do céu...

3 de fevereiro de 2011

Suicídio.

A luz agita-se e acorda-me...
A voz treme...
O meu coração palpita lentamente, até, que lentamente...
Lentamente, ele para...
A luz agita-se e acorda-me,
A minha voz é muda...
O meu coração bate furiosamente, até, que rapidamente...
Rapidamente, ele para...
A luz agita-se e eu já me encontro acordado...
A minha voz é a estranha fusão de um anjo mudo e de um demónio revoltado...
O meu coração sente, até, que...
Deixa de sentir...
A luz agita-se...
O meu olhar segue a luz...
Sinto a minha voz gritar para que aquele horrendo episodio pare...
O meu coração explode num mar de sangue, onde me afogo de dor...
A escuridão agita-se...
A voz treme...
Até que o silêncio se instala...
Atormenta-me...
Agonia-me...
O som do coração a bater impede-me de dormir...
A luz surge da escuridão de forma improvável...
O meu corpo gela e o meu olhar torna-se vazio...
A realidade surge após cada um destes sonhos...
O verdadeiro pesadelo espera para ser ainda vivido...
A vida agita-se...
A voz treme...
O meu coração palpita de medo...
A desistência torna-se tão bela ao pensar que tudo acabará...
Mas...
Até na hora da morte o medo surge...
Ele invade o meu coração e me faz querer viver...
A luz agita-se entre as sombras, mas...
Os meus olhos já não são capazes de ver...
A minha voz já foi silenciada...
O meu coração lutou até ao ultimo segundo na mais blasfémica das tragédias...
A tragédia do nascer e do falecer...
A luz agita-se, mesmo no inferno...

1 de fevereiro de 2011

Sensações.

Acordo na noite e procuro desesperadamente algo que me prove que tudo não passou de um sonho...
A felicidade envolve-me numa euforia constante...
Olho à minha volta; estás aqui, ao meu lado...
O meu olhar procura o teu...
A minha voz suplica pela tua alma...
Os meus lábios desejam tocar os teus...
O meu coração bate caoticamente enquanto te aproximas até mim...
O teu olhar comove-me...
O teu beijo faz com que o meu coração entre numa dança de sentimentos constante.
O teu amo-te, o teu beijo, o teu toque.
Sentir o teu corpo nu, sobre o meu...
O puro erotismo e amor reprimido durante tantos longos tempos vêem de novo ao de cima...
O teu toque excita-me, deixando-me num êxtase de compilação de sentimentos.
Amo-te, desejo-te como na minha existência nunca amei ninguém.
No meu antigo túmulo ergue-se novamente a minha alma.

Magia.

O teu olhar profundo fitava-me.
A tua boca procurava-me até me encontrar...
Vinhas ao meu encontro com esse teu olhar doce, beijas-me.
Os nossos olhos encontram-se, deixando que nos levássemos por o mais mágico dos momentos.
Sinto um arrepio no teu peito nu junto ao meu.
Os teus lábios tocam-me, beijam-me.
Dizem carinhosamente “amo-te”.
O mais mágico de todos os momentos.

Arcanjo.

A porta abre-se lentamente...
A luz ganha batalhas face à escuridão e lentamente me alcança...
Mais bela que nunca essa luz seduz-me ao ganhar forma de um arcanjo belo e letal...
A sua face...
A sua face é a de um espelho onde o reflexo do meu imaginário ganha forma...
Ganha a forma de sentimento,
um sentimento que me preenche de livre vontade...
Sinto o seu toque sobre minha gélida cara e imploro por mais...
Muito mais que um sentimento eu imploro por a existência...
Não distingo a realidade da ilusão mas a sua voz guia-me entre os corredores desta prisão humana,
até que a luz preenche toda a existência do meu imaginário,
estou a perder o controlo de livre vontade,
espero perder-me rapidamente nesse abismo sentimental onde algo me espera...
Deixando o coma imaginário, a realidade mostra-me esse arcanjo numa face humana,
uma face que me ama...
A luz dispersa-se e as sombras iludem-se,
o arcanjo sorri e olha-me...
Sinto-me preso numas asas que não necessito,
o fim parece próximo e o arcanjo continua preso nesse espelho que a cada segundo fragmenta-se...
Adormeço na esperança que o dia morra e a noite me sepulte até...
Até que a luz ganha uma nova batalha...
Trespassam estilhaços e mutilam-me novamente...
Os gritos e o desespero levam-se até esse espelho onde o arcanjo chora...
Vejo a sua mão tocar o vidro gelado e partido e vejo que minha mão está junto a ele, e choro também...
O coração bate...
Bate fortemente...
As sombras vestem-me e os meus olhos pintam-se de negro enquanto no espelho as lágrimas do arcanjo  também são negras...
Ele olha-me...
No vidro a humidade da sua respiração é visível,
o seu olhar fazia o meu coração bater...
A loucura atinge o limite ao deixar que o sol entre neste beco escuro e me faça ter esperança novamente, me faça viver...
Senti esperança por entre a escuridão.
Um pequeno anjo de asas brancas e olhos negros cuja expressão é vazia e o sorriso maquiavélico...
Eu amo.