Sinto-me perdido na noite.
Transportado pelo vento sem direção.
Quando me recordo de todos os momentos vividos contigo, das palavras lindas e sonhadoras que me disseras, dos olhares profundos e suaves, dos teus beijos quentes como a Primavera, dos teus abraços que me apoiavam tanto, dos teus sorrisos que iluminavam qualquer ser, cada vez que me lembrara de ti… Só de pensar que este fim podia ter acontecido de outra forma, só de pensar que te poderia ter conhecido bastante bem, só de pensar que já não te tenho e que já te tive provoca-me revolta e vergonha de mim mesmo. Com a água das fortes e poderosas tempestades, com a ventania que agora habita no meu passado e presente, com o céu carregado de nuvens cinza, eu pensara que tudo isto poderia passar, mas não! O certo é que não te consigo esquecer, por mais que tente, por mais que as lembranças me cheguem á alma e me devorem por completo, eu não consigo…
Quando um navio anda á deriva entre os mares profundos, perplexos e por mais que tente alcançar uma saída, por mais que lute não alcança tal efeito, é assim que eu me sinto.
Sinto-me perdido, fui fraco e não lutei pelo que devia lutar. Por ti!
Nas costas encostas da solidão, de costas voltadas para com o resto do mundo, sem força de viver… Se o tempo voltasse atrás, eu faria tanta coisa de maneira diferente, agia naturalmente e perdia todo o orgulho que abundava loucamente em mim.
Transformava-me por completo, já não confundira o mar com o sol nem os oceanos com o vento, simplesmente era eu. Toda aquela confiança que sentira por ti desde o primeiro dia, foi diminuindo mas quem sabe se eu teria razão para tal coisa? Eu amava-te desde o primeiro dia, eu sonhava contigo, dormia a pensar em ti, abria a janela em direção aos raios do sol e apoiava-me no parapeito apenas á espera da tua possível chegada. As melodias ajudavam-me a ter-te por perto como o sol do meio-dia a desabrochar entre as nuvens maciças de algodão. O chilrear dos passarinhos era como fossem sinais, sinais da tua chegada humilde e honesta vinda do ponto alto do mundo. Mas agora, tudo isto acabara. Não sei se acabara porque éramos realmente diferentes, porque os nossos grupos se cruzavam ou porque já não gostaras de mim… mas eu também existo, e preferia não existir. Agora há que aplicar o presente em todas as frases que escrevo, fazer com que o passado não se torne cada vez mais num sofrimento, se é que não se tornou já. Fico na esperança que tudo isto passe como uma brisa repentina e suave, pois tem mesmo de passar, senão o que é viver assim?