11 de junho de 2011

Tempestade.


Naquela divisão, ele deitou-se, cerrou os olhos para não assistir ao desfile de ausências e às imagens que teimavam em embalar o seu sono. Nessa divisão às escuras, o silêncio deitou-se na cama ao seu lado e aconchegou-se ao seu peito, sussurrou-lhe que todas as horas eram iguais e que de todas as noites, esta era apenas mais uma. Mais uma noite igual a tantas outras.
Ao seu lado na janela o som da chuva nas vidraças gritavam como se estivessem a encenar os passos que ele queria ouvir. A chuva que em suaves murmúrios começou por anunciar a sua chegada. A respiração ofegante, o silêncio incauto e a chuva lá fora. Como se o mundo dos seus afectos pudesse ser menos árido para lá do vidro.
A mesma sucessão de pensamentos e de recordações em vagas múltiplas como os pingos de chuva que se desfaziam no vidro lá fora numa intensidade crescente... Prenúncio da tempestade de emoções ainda por vir. 
O desassossego, a inquietude e bátegas violentas. A tempestade instalara-se lá fora e no seu interior também. O ribombar dos trovões e a raiva acumulada faz com que ele grite com toda a alma do seu ser. Chuva e mais chuva ainda e o vento agora abriu a janela de par em par. A grande tempestade acabou de começar.

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