26 de maio de 2011

Vincent.


A primeira obra de Tim Burton, simplesmente genial. Uma mente única a deste grande senhor.

20 de maio de 2011

Sabes?

Nunca te falei do sítio onde morava. Não te falei de quartos ensanguentados, das paredes de recusas e das janelas que abriam para todos os silêncios que se tornavam ensurdecedores. Nunca te falei das cartas rasgadas, do soalho já gasto por todos os passos de clausura, de todos os versos não visíveis que tatuei em mim. Nunca te falei de todos os modos em que me recriava em novas personagens para me esconder de mim. De ti. De nós.
Nunca te falei do sítio onde me encontrava, não te falei de como as minhas asas eram frágeis e de todas palavras negras que a todo o custo se disfarçavam de violinos para que não as reconhecesses como minhas.
Nunca te falei deste espaço que abriste furiosamente, nunca te falei de todos os segredos que as paredes deste espaço quieto sussurram, nem nunca te falei de quando abandonei as certezas e caminhei em direcção a ti. Porque tu não precisas de saber. Porque só tu me dás o encontro e o ser. Porque nunca te disse o quanto gosto de ti. Porque sei que o sabes. E se duvidares, pede-me um beijo. Só assim saberás o quanto gosto de ti.

17 de maio de 2011

O Teu Sorriso, O Teu Olhar.

O sonho começou lentamente sem eu sequer dar por isso. O sonho nunca mais vinha, acreditava eu. Demorou umas horas a chegar, a ser palpável. E foi como um despertar do que eu já era, uns meros quinze minutos a sonhar. E eu não queria sonhar e acordei quando te foste embora. No dia seguinte apenas queria dormir, já não quis sonhar. Obrigaram-me a sonhar, sim, e eu ponderei como poderia fugir. Mas o sonho não veio, e foi então o quanto me apercebi o quanto te queria ali ao meu lado. Queria sonhar, queria mesmo muito e não queria ter medos, receios ou o nervoso que senti durante dias a fio. Mas só me apercebi tarde de mais, como quase tudo na minha vida. E isso deu-me a volta à cabeça. E por isso estou a tentar agarrar-te com tudo o que posso. É pouco, eu sei, mas o teu sorriso, o teu olhar mudou a minha vida.

14 de maio de 2011

Desejos.


Hoje apeteceu-me matar saudades...
Apeteceu-me expor aqui a alma, o coração, o corpo e a pele...
O sorriso entristecido, a alma meia perdida, o coração desanimado...
Hoje apetecia-me ter alguém que olhasse apenas e soubesse na perfeição o que me faz ter vontade de gritar, de chorar e de perder a cabeça...
Mas é sempre a espera, a espera que nos mata a cada enxurrada de tempo que passa...
Hoje apeteceu-me desabafar, tentar aliviar a alma...
Tentar perceber o que vai na cabeça das pessoas que me rodeiam, cada vez mais frias, mais insensíveis, enlouquecidas pela correria desenfreada da sociedade... Sem terem tempo para um sorriso, um abraço, um olhar, apenas aquele simples olhar que nos dá força para avançar mais uns passos, mas não há tempo... As pessoas parecem que morreram para o mundo... Para o que de facto não nos abandona... O que nos vai no coração e na alma...
Sinto falta de alguém que me entenda, de ter alguém por perto...
Tenho saudades de olhar e saber o que se sente...
Será que ainda anda por aí alguém...?

Novas Palavras.

Gostava de saber inventar palavras, para poder explicar o que sinto, pois as palavras que conheço não chegam. Preciso de novas… As outras parecem todas já tão banais, tão usadas, tão repetidas e tão despidas de sentimento. Quero descrever o que sinto realmente, o que me pulsa no coração, quero contar o que me sorri nos olhos, dizer o que me entristece o sorriso… Mostrar a Vida como eu a vejo… Preciso de novas palavras… Fortes, sentidas, únicas, especiais… E talvez tudo pudesse ser diferente… Talvez os medos se desvanecessem, as dúvidas se acalmassem, as respostas emergissem… Mas não sou capaz, não o sei fazer… E estas palavras humanas parecem tão lentas, incapazes de atingir o seu propósito. Espero, quem sabe que deixem de ser necessárias…

9 de maio de 2011

Devoção Obsessiva.

Segue o teu coração, a tua mente, não te poderás esconder atrás de contos de fadas para todo o sempre. Apenas tens de revelar toda a verdade, só assim irás descobrir a alma escondida nesta fortaleza doentia, neste corpo de aparência cadavérica. As mentes doutrinas, frequentemente têm pensamentos doentios, e cometem a maioria dos males contra os quais pregam. Não me tentem convencer com palavras de Deus, vós que julgais os outros por pecados cometidos por vocês mesmos. É demasiado fácil julgar sem sequer ter a capacidade de entender o que vai na própria mente, mas é atrás dos bastidores é que se encontra a realidade. O silêncio eterno clama por justiça. Não poderás esconder-te mais! 

8 de maio de 2011

Solidão.

A dor que oprime o meu coração está aos poucos a absorver-se na minha alma. O medo que assombra a minha mente está ansioso para se tornar realidade e isso deixa-me receoso. Sinto-me sozinho, como parte de um sonho que talvez não tenha fim e quem sabe, acabe comigo antes que termine. Não é real, mas nada é o que realmente parece. Uma escuridão cresce em torno de mim enquanto sinto um enorme vazio na alma. Dá-me a tua mão, ajuda-me a entender isto ou então leva-me, leva-me para longe para que eu não volte mais aqui. A máscara caiu, o véu foi quebrado, não há como juntar os cacos caídos, o que foi feito não pode ser mudado, mas talvez ainda haja uma esperança. Não se pode modificar o passado, mas o presente ainda se pode transformar num futuro melhor. Não tentes mentir, eu posso ver nos teus olhos uma verdade escondida, quem sabe o que ela pode revelar? Um passado remoto onde existia felicidade no teu coração, uma mágoa reprimida que tentas esquecer, ou talvez uma ferida aberta no teu coração que nem o tempo é capaz de curar... Essa seria a nossa despedida? Espero que não. Se ninguém consegue encarar o escuro e ver o que pode estar escondido por lá, então que eu fique contigo até que alguém consiga esse feito.
Vejo a melancolia escorrer dos teus olhos no seu pranto lúgubre, tento de alguma forma te ajudar, mesmo quando sei que não vou conseguir. Vejo o teu anseio pela forma mais rápida de mandar tudo isto embora, mesmo que seja a mais dolorosa. O teu pior pesadelo assombrar-te-á até à morte se não conseguires livrar-te dele, e o meu também, caso eu viva eternamente contigo. A solução está na tão esperada pessoa que nós sonhamos encontrar, mas parece que a cada minuto passado, ela está mais longe, quase a desaparecer no horizonte. Enquanto isso não acontecer, peço que não te preocupes, pois eu vaguearei contigo, solidão, tu que sempre me entendes-te e me mostras-te a única verdade. Não sei para onde caminharemos juntos, mas contigo não me sinto inferior, mesmo que me leves vagarosamente para a infinita cratera, até então por mim desconhecida... Ou talvez, eu acabe com esta agonia da única maneira que me vem à mente.

5 de maio de 2011

Rio.

Eram duas e meia da madrugada, e a insónia tomava conta de mim. Resolvi andar pela cidade, até o sono aparecer novamente. A cidade estava praticamente vazia e escura, num ambiente apocalíptico. Fui andando sem rumo, até que cheguei às margens do pequeno e profundo rio da cidade. Sentei-me na berma, numa fria pedra de aparência tumular, a reflectir sobre a vida, sobre as minhas frustrações e tristezas, nos amores perdidos, nas amizades tragicamente acabadas.
 Horas passaram, e continuo sentado na margem do rio. Nem um pequeno sinal de sono. Até que senti uma mão gélida tocar a minha cintura. Olhei para trás, mas não havia vestígios de nenhum corpo palpável. Decidi pensar que foi apenas o vento frio que se fazia sentir naquela noite estranhamente fria de um Inverno eterno, onde um cheiro cadavérico era sentido por todos os lados. Alguns minutos passaram, e novamente senti a mão gélida, mas agora no meu pescoço, apertando-o com toda a força existente naquele corpo meio vivo, meio morto. Faltava-me ar, eu estava a morrer enforcado naquela forca demoníaca, e não havia ninguém ali, ninguém para me dar a mão durante os meus últimos pensamentos. Só no meu último minuto de vida me lembrei que aquele rio era assombrado por espíritos.
 Depois do meu último pensamento, a falta de ar foi eterna. 

4 de maio de 2011

Agonia Fantasmagórica.

O futuro não passa e o passado não vai subjugar o presente, tudo o que resta é uma ilusão obsoleta, nós temos medo de tudo o que os nossos mortais olhos não captam.
Desses mesmos olhos escorre uma lágrima de beleza sem precedentes, que revela toda a verdade da existência: todos nós temos um pouco de sádicos.
O envelhecido desenvolvimento da consciência, afasta-nos a essência da vida.
Pensamos demais, controlamo-nos demais, os nossos instintos irão desvanecer-se.
Qual o significado da vida se todos nós morreremos no final?
Faz sentido aprender se nós nos esqueceremos de tudo?
Nós somos todos pessimistas, eternas almas avaliando os diversos caminhos que temos de seguir.
O envelhecido desenvolvimento da consciência, afasta-nos a essência da vida.
Ensina-me como me libertar desta descrença de mim próprio.
A minha alma foi capturada, fui tornado um céptico por esta agonia fantasmagórica.

Ativista pelos Direitos LGBT.

Contador de Histórias.

Em séculos passados, perdidos pelo tempo, existiu um jovem que viajava por todo o mundo. Por onde quer que passasse, miúdos e graúdos reuniam-se à sua volta para ouvir as magníficas histórias que só ele sabia contar e que tanto lhes faziam sonhar.
Com o passar dos anos, o contador de histórias permanecia tão jovem como os contos que contava, enquanto as crianças que as ouviram, cresceram até se tornarem adultos.
Mas nem tudo estava bem…
Enquanto crianças, os adultos de hoje tinham esperado e esperado, esperado para viverem os contos de encantar, as vidas de sonho que o contador de histórias lhes tinha prometido. Mas elas nunca chegaram.
Crianças sonhadoras eram agora adultos amargurados e desiludidos com o mundo e sabiam bem quem podiam culpar.
Capturaram o rapaz e as suas histórias e fecharam-no num quarto no cimo de uma torre, que construíram com os pedaços que restavam dos seus sonhos desfeitos.
Lá bem nos céus, só os pássaros é que podiam ouvir as suas histórias.
Da sua prisão com as suas grandes janelas, o rapaz conseguia observar o mundo à sua volta e o que via partia-lhe o coração: ver a terra e as pessoas que lhe tinham feito sonhar tanto e criar tantas histórias perderem o brilho e a vida de outrora; onde antes havia alegria e esperanças agora havia tristeza e vazio.
Sem nunca uma vez parar para descansar, consertou cada pedaço de sonho da torre onde estava retido, desde o primeiro degrau lá no chão até ao último lá em cima nas nuvens.
Pediu aos pássaros para os levarem e assim fizeram. Pedaço a pedaço a torre foi desaparecendo até só sobrar o quarto do rapaz a flutuar no céu.
Como uma chuva de estrelas, os pedaços de sonho beijaram a terra triste, secaram lágrimas e entraram em corações pesados. Pouco a pouco o mundo voltou a ter cor.
Com o passar dos anos, as pessoas esqueceram-se de que houve uma altura em que não tiveram sonhos, assim como também se esqueceram do jovem contador de histórias, ainda na sua prisão.
Mas ele não se importava. As suas histórias estavam novamente a ser contadas; mais tarde ou mais cedo, alguém contaria a história de um rapaz que estava preso numa torre, só com cimo, no céu. Mais tarde ou mais cedo, alguém contaria a sua história e então ficaria livre. Mas até lá, ficaria a sonhar.