Era
noite, típico cliché para histórias dramáticas de indivíduos afogados numa
pequena bacia de problemas (não necessariamente um mar deles). Não, isto era
sério, tão sério que nem a dor latejante nos pés era capaz de chamar a sua
atenção para a distância que já percorrera.
As
várias picadas que levara não eram capazes de o matar na hora, mas aos poucos o
veneno começou a apoderar-se da vida - não do corpo. Menos uma pessoa, mais uma
pessoa nas nossas vidas. Que diferença assim tão grande poderia fazer, afinal?
Virou
para uma pequena ruela, à direita, em tudo similar à que se afigurava no lado
oposto. Perguntou-se porquê aquela, aleatoriamente, e as rodas mecânicas do
raciocínio encaixaram na perfeição e começaram a rodar: também com as pessoas é
o acaso que decide e a ilusão que nos mantém na rua escolhida. A ilusão é o
apagar dos candeeiros da cidade, que torna todas as ruas turvas e escuras.
Podemos
escolher a cor, a quantidade, o modo de administração e até a legalidade, mas
no fim de contas, qualquer relação é uma droga - deixando-nos agarrados às
veias do amor e do hábito, assim que o fornecimento acaba. Leva-nos ao fim, não
necessariamente da nossa presença móvel na terra mas do nosso fim enquanto
"eu" e "tu".
Se
assim é, porque não escolhemos criteriosamente as pessoas que tanto nos moldam
como se de plasticina fôssemos feitos?
Embargado
pela conclusão, Claudius virou à direita após a grande avenida da cidade. Sem
razão aparente.
4 comentários:
Muito bom! Adorei.
Obrigado.
Muito lindo esse texto!
Gostaria que voc~e visitasse meu blog e segui-lo =)
Todas essas frases é você que escreve? Porque é MUITO perfeito!
Beijoks'_'
Cl@
caissafazendoarte.blogspot.com
Obrigado :)
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