29 de maio de 2012

Paranóia.


"They're laughing at you, all of them. They think you look weird. They think you look awful, like shit. They're laughing at you because you're ugly. They pity you. They're glad they are nothing like you at all, you freak."

1 de maio de 2012

Fobia.


A escuridão amanhece, aos poucos.
Os raios de luz negativa trespassam os vidros quebrados, a sombra disfarça as paredes da dor que me desperta... Os meus olhos pintados de negro, lentamente tentam romper entre a luz, os gemidos ainda se ouvem num eco murmurante de agonia e desespero... Os lençóis ensanguentados mancham o branco puro de luz e o meu corpo nu e frio esmorece lentamente.
A humidade do ar torna-se irrespirável, a cada segundo a respiração torna-se vital, e a realidade altera-se: estou a morrer entre quatro paredes.
Este estado febril distorce a realidade, risos e gritos parecem surgir das paredes vazias: as vozes são diabólicas e sussurram palavras que não consigo decifrar e a loucura parece possuir-me até que o amanhecer não volte, e as trevas deixem de reinar.
A porta abre-se, e entre a sombra aparece uma réstia de luz...
Tento levantar-me, mas as forças abandonam-me e caio inanimado numa espécie de coma imaginário... Sinto frio, muito frio.
As vozes despertam-me; gritam, sussurram...
Tento desesperadamente ouvir a tua voz entre elas, mas tornam-se tão silenciosas e o ruído das máquinas humanas ouvem-se algures desta janela.
Aproximo-me e vejo o mundo que me torna doente mas as luzes artificias já não me magoam... Desorientado, deambulo entre as ruas vazias de expressão, onde sombras formadas por luzes artificiais ganham rostos humanos cuja expressão é a de alguém que sorri doentiamente. Entre essa multidão de almas perdidas, eu procuro desesperadamente o teu rosto e desespero pela tua voz.
As luzes apagam-se e encontro-me de novo entre estas quatro paredes, com a porta trancada... Talvez nunca tenha abandonado esta cela e a demência me tenha levado até essa linha sem fim.
Estou a perder o controlo da vida e o som da minha voz parece surgir como um grito silencioso que desespera por ajuda.
A lua parece ouvir o meu chamamento e surge no céu mais bela que nunca e as estrelas no céu, ardem como um fogo interior que me desperta os sentidos e faz-me olhar um espelho que se fragmenta a cada mentira que vivo, até que se parte em fragmentos luminosos de sonhos de quem outrora ousara sonhar... Desisto da vida, e deito-me levemente, com a esperança de adormecer e não mais acordar. As marcas dos estilhaços marcam-me a pele e a dor é a única companhia que me resta neste acordar para morte.
É nesta linha sem fim, que o tempo e o espaço se cruzam, e despedaçam-me ao obrigarem-me a assistir à paragem do meu coração.
Ele bate desesperadamente como se tivesse vontade própria, uma vontade que não me move mas que comove... O frio congela-me e as minhas mãos abraçam-me e envolvem-me...
Parece que sempre fui eu contra o mundo e agora é meu próprio mundo interior que me corrói... Ouço uma voz sussurrar ao meu ouvido, essa voz adormece-me e promete: não vais acordar... Essa voz embala-me como uma mãe embala o seu filho, essa é a voz que me leva a vida de uma forma tão bela.
A voz parece tão distante que apenas a consigo imaginar...
Essa voz murmura: fobia...