Por vezes a solidão disfarça-se de amor, de conforto. Assim
ela torna-se uma melhor amiga, um amor adolescente, puro e louco, um abismo de
suicida. Ela, e só ela, faz-me temer a vida e, tal como um velho espírito sem
forças, a morte. Faz-me temer a morte por aqueles que amo, não pelos que me
amam. O egoísmo é outro dos sentimentos dominantes no meu íntimo. Muitas
pessoas julgam-me melhor do que realmente sou; outras julgam-me bastante pior,
criando uma imagem fictícia de mim. Nenhuma das duas é boa. Quero passar pelo
que sou apenas e gostava que me julgassem apenas por isso, por o que sou.
Ouve muitas mudanças em mim. Agora, os sucessivos ataques de
melancolia transformaram-se em falsos sorrisos, como uma armadura, como uma
mascara. Tenho saudades do que fui e não serei mais.
Nos últimos tempos pensei bastante. Faço de conta que o barulho
gritante do silêncio é a respiração da Terra, do todo, à qual eu faço parte. Dessa
forma, sinto-me como se fizesse parte de algo. Dessa forma, nunca me sinto
sozinho.